Pedro Castillo vence Fujimori e é eleito presidente do Peru

Professor de escola rural era praticamente desconhecido no país até quatro anos atrás e levou a esquerda ao poder

Foto: Reprodução/Twitter

O candidato do partido Perú Libre, o esquerdista Pedro Castillo, de 51 anos, venceu o segundo turno da eleição presidencial peruana contra a direitista Keiko Fujimori, por uma vantagem muito pequena.

Segundo a apuração divulgada pela ONPE, órgão eleitoral do país, Castillo teve 50,199% dos votos válidos (8.800.486 no total), contra 49,801% (8.730.712) da adversária. A votação teve uma enorme participação popular, com mais de 74,7% do eleitorado indo às urnas.

Fujimori ainda tenta, na justiça, a anulação de algumas das atas em uma estratégia para reverter o resultado, mas observadores independentes não viram indício de fraude sistêmica alegadas pelo partido dela.

Castillo deu aulas em uma escola rural durante 24 anos e saiu do anonimato em 2017, quando liderou uma greve nacional de professores e despontou com o discurso de “não haver mais pobres em um país rico”.

O novo presidente peruano é casado e pai de três filhos. A mistura de moral conservadora e reivindicações sociais por mudança se adaptou bem a um país onde a religião costuma ser um fator eleitoral decisivo. Ele costuma citar passagens bíblicas para justificar rejeição ao aborto, ao casamento homossexual e à eutanásia.

Com um chapéu branco típico de Cajamarca, Castillo percorreu o país até a cavalo para conquistar eleitores. “O povo se identifica com quem nasceu no mesmo meio”, afirmou o candidato durante a campanha.

Do anonimato para a presidência
A greve nacional de 2017, que Castillo comandou, durou quase 80 dias, exigindo um aumento salarial e a eliminação de um sistema polêmico de avaliação de professores.

A mobilização dos professores deixou 3,5 milhões de alunos de escolas públicas do país sem aulas e encurralou o então presidente Pedro Pablo Kuczynski, o PPK, que inicialmente se recusou a dialogar com os grevistas até ceder e aceitar a maioria das reivindicações.

Numa tentativa de deslegitimar a greve, o então ministro do Interior, Carlos Basombrío, disse que os líderes do movimento eram ligados ao Movadef, o braço político da derrotada guerrilha maoísta do Sendero Luminoso, um grupo ilegal considerado terrorista no Peru.

“Rejeito categoricamente as denúncias”, respondeu Castillo, que integrou em Cajamarca as “rondas camponesas”, armadas que resistiram às incursões do Sendero nos dias difíceis do conflito interno peruano (1980-2000).

“Planejamos mudanças, não remendos ou reformas como outros candidatos de esquerda”, disse Castillo durante a campanha.

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