A quantidade de lixo destinada a aterros controlados e lixões no Brasil – que trazem efeitos negativos de longo prazo ao meio ambiente e à sociedade – cresceu 16% entre 2010 e 2019, passando de 25 milhões de toneladas por ano para pouco mais 29 milhões. Os dados são da Associação Brasileiras das Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), divulgados neste sábado (5), Dia Mundial do Meio Ambiente.
Quando descartado em lixões, terrenos a céu aberto onde os dejetos são jogados sem qualquer cuidado, os Resíduos Sólidos Urbanos (RSU) podem criar ambiente para proliferação de doenças e poluir lençóis freáticos com chorume (líquido produzido pelo lixo), o que também não é resolvido pelos aterros controlados.
Somente os aterros sanitários, que dão conta da reciclagem, descarte e armazenamento, minimizam os efeitos do lixo acumulado. Estes atendem à maioria do lixo produzido anualmente no Brasil, com 43.300.315 toneladas (60%).
Os lixões e aterros controlados, porém, respondem pelo descarte de 29.448.200 de toneladas juntos (40%) e ainda devem levar 55 anos para serem encerrados de forma definitiva, segundo previsão da Abrelpe.
“A lentidão observada nos últimos 10 anos, aliada à projeção dos indicadores futuros, evidencia a extrema urgência para se viabilizar as ações necessárias para o encerramento definitivo dessas práticas medievais de destinação de resíduos, que são a principais fontes de poluição em atividade constante”, observa o diretor presidente da associação, Carlos Silva Filho.
Lixões no Brasil
No Brasil, pelo menos três regiões do Brasil (Centro-Oeste, Nordeste e Norte) ainda registram índices abaixo da média nacional de destinação adequada de resíduos. Na região Norte, com piores índices proporcionais, 79% das cidades (357 municípios) ainda encaminham seus resíduos para aterros controlados ou lixões.
A região Nordeste, por sua vez, concentra o maior número de cidades com destinação irregular: 1.340 municípios (74,6%). No Centro-Oeste, são 65% dos municípios (305 cidades). O Sudeste e o Sul tem os menores índices, com 10,1% e 11,1% do lixo enviado irregularmente. Ao todo, são 2.976 lixões espalhados pelo Brasil.
Esse cenário impacta diretamente a saúde de 77,65 milhões de brasileiros – ao gerar doenças que vão de alergias respiratórias à contaminação pela água de lençós freáticos – além do custo ambiental, incalculável. A má gestão do lixo também resulta em perda econômica de R$ 14 bilhões por ano, pelo desperdício de materiais que poderiam ser reciclados e vão parar nesses locais inadequados.
No entanto, a questão não pode ser resolvida somente com a reciclagem. A prioridade então, explica Silva Filho, deve ser a mesma que está disposta na legislação: diminuir a produção de lixo.
“Hoje nós não temos tecnologia nem capacidade para reaproveitar toda esta quantidade imensa de lixo. Precisamos sim, repensar estes hábitos de produção e consumo. Aliás, este é o primeiro mandamento da nossa PNRS (Política Nacional de Resíduos Sólidos”, diz.