O Brasil registrou, nos quatro primeiros meses do ano, 64% a mais de mortes por causas naturais do que o esperado. Foram 211.847 óbitos além do previsto, de janeiro a abril. Os homens e as populações de até 59 anos foram os mais afetados com esse aumento.
Os dados foram divulgados pelo Conass (Conselho Nacional dos Secretários de Saúde) e fazem parte do Painel de Análise do Excesso de Mortalidade por Causas Naturais no Brasil, feito em parceria com organização global de saúde pública Vital Strategies e com a Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen-Brasil).
As mortes naturais são causadas por doenças ou mau funcionamento interno do corpo e incluem óbitos por doenças respiratórias e pela Covid-19. Os óbitos causados por armas de fogo e acidentes não são contabilizados nesse levantamento.
Os dados foram calculados de acordo com as semanas epidemiológicas (que vão do domingo até o sábado seguinte) e comparados com a projeção da mortalidade estimada a partir da série histórica de óbitos, com dados reunidos pelo Sistema de Informação de Mortalidade entre 2015 e 2019.
Eram esperadas até 17 de abril 328.665 mortes no país. O total, porém, passou de 540 mil. O excesso de mortalidade no país já representa 77% do excedente registrado em todo o ano passado. “Esta comparação dá uma dimensão do enorme impacto da epidemia de Covid-19 no país, já nos primeiros meses de 2021”, disse, em nota, Fernando Avendanho, assessor técnico do Conass.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda o acompanhamento das taxas de excesso de mortalidade avaliar os reflexos da Covid-19 nos países. Mas os óbitos podem ser reflexo, além da infecção provocada pelo novo coronavírus, do atraso no diagnóstico e tratamento de outras doenças, devido à crise sanitária e aumento da demanda dos serviços de saúde.
Na faixa etária até 59 anos, a mais afetada, houve 84% a mais de mortes do que o esperado. No idosos, a partir de 60 anos, o crescimento chegou a 58%. Entre os homens, os óbitos aumentaram 68% e, entre as mulheres, 61% acima do projetado. Quando são analisadas as regiões brasileiras, o Sudeste apresentou taxas mais altas, com 46% a mais de mortes; seguido do Nordeste, com 19%; do Sul, 18%; do Centro-Oeste, 9%, e do Norte, 8%.
A semana epidemiológica com números mais altos é, até agora, a de 28 de março a 3 de abril. O excesso de mortes em relação ao período de 2015 a 2019 chegou, nesse intervalo, a 117%.
O Amazonas é o estado com maior percentual de excesso de mortes, com índice de 173% a mais de mortes no período do o esperado.