TRT dá prazo até junho para que Uber e Cafiby avaliem pedidos de motoristas em Porto Alegre

Carreata com cerca de 80 veículos protestou, na manhã desta terça

Foto: Guilherme Almeida/Correio do Povo

A pedido do Sindicato dos Motoristas de Transporte Privado Individual de Passageiros por Aplicativos do Rio Grande do Sul (Simtrapli-RS), o Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região (TRT-4) realizou, nesta terça-feira, duas reuniões de mediação entre a entidade de classe e as empresas Cabify e Uber. As negociações foram requeridas pelo assessor jurídico do Simtrapli-RS, advogado Antonio Escosteguy Castro, após uma audiência ocorrida no TRT-4 ainda em março.

Nas mediações individuais desta terça, o sindicato apresentou, por escrito, as reivindicações dos trabalhadores de cada aplicativo. Os motoristas dizem estar sem reajuste nos valores por quilômetro rodado desde 2016, além de reclamarem da redução das tarifas e do impacto dos sucessivos aumentos dos preços dos combustíveis. Durante o encontro, no entanto, a representação da Uber afirmou que a relação de profissionais e empresa é “uma sociedade entre iguais”. “Se não conseguimos conversar direito com a plataforma, vamos ser sócios?”, questionou a secretária-geral do Simtrapli-RS, Carina Trindade. O aplicativo solicitou 20 dias para avaliar se a mediação continua nos mesmos moldes.

Para a Cabify, o pedido do sindicato se refere a indenizações e compensações aos motoristas para o período em que atuaram no Rio Grande do Sul. A empresa encerrou as atividades em território gaúcho em 15 de maio e deve deixar o Brasil no próximo dia 14 de junho. Durante a mediação, a multinacional de origem espanhola pediu alguns dias para avaliar a proposta do sindicato. “A Cabify se mostrou acessível nas negociações. Queremos uma resposta sobre os motoristas que trabalhavam pela plataforma e ficarão desassistidos”, explica a secretária-geral do Simtrapli. A Cabify alegou que a crise econômica levou ao encerramento das operações no país. Uma nova medição está marcada para 8 de junho.

O Simtrapli-RS não descarta buscar os direitos reivindicados na Justiça comum ou no Ministério Público. “Queremos também o fim da categoria Uber Promo, pois reduz os ganhos dos motoristas”, enfatizou Carina. A mediação com a empresa 99 Pop ainda não teve data marcada, mesmo já tendo sido solicitada junto ao TRT.

Protesto nesta terça-feira

Também nesta terça-feira, cerca de 80 motoristas de aplicativos protestaram em Porto Alegre e circularam pela cidade com os veículos pintados com mensagens como “chega de exploração” e “ajuste já”. A classe reivindica reajuste de 42% no valor das tarifas pagas pelos aplicativos de transporte. De forma pacífica, os carros saíram do Largo Zumbi dos Palmares, no bairro Cidade Baixa, passaram pelas avenidas João Pessoa e Ipiranga, e pela rua Salvador França, até a sede da Uber, na avenida Carlos Gomes, no bairro Auxiliadora.

Segundo o Simtrapli-RS, o valor pedido é calculado pelo índice da inflação e pelos aumentos de preço dos combustíveis. Para a secretária-geral, a rotina dos profissionais é mais desgastante e menos compensatória pelo tempo dedicado ao trabalho diariamente. “O trabalhador é quem banca seu veículo, seu IPVA, seu seguro, seu combustível, sua troca de óleo”, completa Carina.

A Uber disse entender a insatisfação dos motoristas, mas alegou que o preço dos combustíveis foge ao controle da empresa. Quanto à taxa cobrada, que era de 25% do valor da corrida em 2018, a empresa considera que se tornou variável e passou a fazer parte da estratégia da plataforma em oferecer descontos para os usuários a fim de incentivar o aumento de viagens.

*Com informações do repórter Christian Bueller