PF investiga vínculo criminoso entre médicos e fornecedores de insumos em Passo Fundo

Profissional teria recebido cerca de R$ 1,5 milhão para direcionar compra de produtos

Foto: Polícia Federal/Divulgação

Uma operação da Polícia Federal, deflagrada nesta quinta-feira (13), busca esclarecer o suposto vínculo criminoso entre profissionais da saúde e fornecedores de insumos em Passo Fundo, no Norte do Rio Grande do Sul. A força-tarefa, batizada de “Círculo de Willis”, mobilizou 80 agentes para o cumprimento de 17 mandados de busca e apreensão.

O caso é investigado desde 2019, a partir de informações coletadas na Operação Efeito Colateral, também realizada pela PF. Segundo a corporação, médicos recebem dinheiro para direcionar a compra de insumos usados em procedimentos neurocirúrgicos, realizados por meio do Sistema Único de Saúde (SUS).

Os investigados cobram até 25% dos valores dos produtos utilizados nas operações. Só em 2013, um os médicos alvo da operação teria realizado 84 procedimentos com materiais fornecidos pela empresa envolvida na fraude. Os insumos custaram R$ 1,4 milhão – valor do qual o profissional tirou R$ 284 mil para sí.

A PF estima que o esquema tenha rendido R$ 1,5 milhão ao suspeito, entre 2013 e 2018, considerando apenas os procedimentos realizados por meio da rede pública. Parte do valor era entregue em envelopes, durante eventos médicos realizados em todo o país. O montante não era declarado à Receita Federal.

Sociedade

No período, o mesmo médico teria se tornado sócio oculto de uma fornecedora de molas cirúrgicas. Sob a sua influência, o hospital onde atuava passou a adquirir os materiais da empresa. Outro crime investigado é a possível fraude de um estudo clínico envolvendo uma outra marca de molas cirúrgicas.

O suspeito teria firmado um acordo com a fabricante para conduzir o ensaio e, após conflitos com a empresa, atestou que o produto tinha uma taxa de complicações na casa dos 90%. Para os investigadores, o resultado da análise foi deliberadamente alterado pelo profissional.

A PF trabalha com a hipótese de que ele tenha cometido os crimes de corrupção passiva, corrupção ativa e sonegação tributária. Além das ordens judiciais cumpridas em Passo Fundo, a operação teve desdobramentos em Porto Alegre, Florianópolis/SC, Lages/SC e São Paulo/SP.

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