CPI da Covid ouve três versões diferentes para colapso em Manaus

Ex-ministros da Saúde e atual titular da pasta tentam explicar tragédia que se abateu na capital do Amazonas na pandemia

Foto: Jefferson Rudy / Agência Senado

O colapso no sistema de Saúde de Manaus ocorrido no início deste ano, com o registro de pacientes graves de covid-19 morrendo sem oxigênio, tentou ser explicado pelos três depoentes que foram à CPI da Covid na última semana.

Tanto os ex-ministros da Saúde Luiz Henrique Mandetta, que falou na terça-feira (04), e Nelson Teich, que esteve no Senado na quarta-feira (05), quanto o atual ocupante do cargo, Marcelo Queiroga, que se dirigiu aos senadores na quinta-feira(06), abordaram o tema com certo distanciamento. A tragédia se deu na gestão de Eduardo Pazuello, que alegou estar de quarentena para adiar sua ida à comissão.

Desorganização política causou o colapso para Mandetta

Mandetta acredita que o problema não foi falta de recursos ao estado do Amazonas, mas uma desorganização política que impede que qualquer estratégia de Saúde tenha sucesso.

Ao responder o questionamento do senador Eduardo Braga, parlamentar amazonense do MDB, Mandetta detalhou outra dificuldade recente da região para tentar comprovar sua tese de que o problema maior foi a desorganização política.

“Vocês passaram uma epidemia dura de H1N1 em 2020, na qual a performance estadual e municipal não foi boa, e outra em 2021 [de covid] onde se perdeu até a noção de oxigênio, o que foi para mim a coisa mais grave até agora”, comentou o ex-ministro na terça-feira.

“Vocês terão que fazer uma imersão própria, aquilo não se repetiu em outras unidades federativas e a impressão que eu tenho é que ali existe um fator local grave, que não tem relação com falta de dinheiro”, acrescentou, oferecendo-se para buscar soluções na área de Saúde ao lado dos políticos da região.

Mandetta é apontado como possível candidato à Presidência em 2022.

Para Teich, foi a falta de dados

Teich afirmou na quarta-feira que a falta de oxigênio e leitos hospitalares pode não ter sido prevista por uma falha nos dados, problema crônico, em sua visão, no sistema de saúde nacional. “A falta de informação impede que você faça um diagnóstico do momento. Quanto mais detalhada ela for, maior a chance de você se antecipar e fazer os movimentos necessários para evitar o colapso”, foi o que afirmou aos senadores.

Pouco antes, em seu depoimento, Teich declarou que o SUS (Sistema Único de Saúde) apresenta historicamente deficiências que só se agravam na pandemia de covid-19. Falta de dados e investimentos em soluções regionais são alguns deles.

Atual ministro culpa nova cepa pelo colapso

Queiroga, por sua vez, na quinta-feira, disse que o episódio serviu de alerta para a necessidade de adotar medidas para fortalecer o sistema de Saúde do Amazonas, com dimensão gigantes e dificuldade de acesso em cidades do interior.

Ele, porém, atribuiu à nova cepa do coronavírus descoberta no estado o descontrole no atendimento à população. “O que aconteceu em Manaus e no Amazonas com esse número de mortes serve de alerta para que estejamos vigilantes e não tenhamos uma terceira onda, que pode ser muito perigosa para a nossa população”, foi o que disse o atual gestor da pasta na CPI da Covid-19