CPI da Covid: ministro Queiroga deve ser reconvocado a depor

Presidente da CPI da Covid, senador afirmou que ministro da Saúde se esquivou de declarar sua posição sobre uso da cloroquina

Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado

O presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid do Senado, Omar Aziz (PSD-AM), classificou neste domingo como uma “grande decepção” a postura do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, que depôs à comissão durante a semana e se esquivou de declarar posição sobre o uso da cloroquina em pacientes com Covid-19.

Segundo Aziz, Queiroga “com certeza” vai ser reconvocado para falar à CPI, diante das contradições expostas entre a política do governo Bolsonaro na pandemia e as diretrizes do Ministério da Saúde. As informações foram divulgadas pelo jornal O Estado de S.Paulo.

Questionado diversas vezes sobre o uso da cloroquina durante o depoimento, na quinta-feira, o ministro respondeu que não pretendia se pronunciar porque a Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias (Conitec) do Sistema Único de Saúde (Conitec) ainda avalia e elabora um protocolo de tratamento da covid-19.

Isso irritou os integrantes da CPI, especialmente a cúpula do colegiado. Nesse sábado, o relator, Renan Calheiros (MDB-AL), afirmou que Queiroga investiu em uma estratégia de não responder às perguntas dos senadores objetivamente e, portanto, de não “falar a verdade”.

A frustração é endossada pelo presidente da CPI. “Agora, o Queiroga foi uma grande decepção, ele como médico cardiologista. Quando a gente perguntava se ele era a favor da cloroquina – e ele não citava a palavra cloroquina, falava em ‘fármacos’ -, ele jogava para a Conitec”, comentou Aziz em entrevista ao historiador Marco Antonio Villa divulgada neste domingo no Youtube.

Para o presidente da CPI, o pretexto usado por Queiroga para “não magoar o chefe” indica que o ministro é contra o uso da cloroquina em pacientes com Covid-19, medicamento sem eficácia comprovada contra a doença. “Então é claro no posicionamento dele que ele é contra, mas não quer magoar o chefe”, afirmou Aziz.

Na conversa, o presidente da comissão também avaliou o depoimento do ex-ministro da Saúde Nelson Teich como o “melhor” até o momento. Além de Queiroga e Teich, o segundo titular da pasta no governo Bolsonaro, também falou nesta semana à CPI o ex-ministro Luiz Henrique Mandetta.

Sem planejamento
Para Aziz, no entanto, um ponto em comum nos depoimentos dos três médicos é que nenhum apresentou ter um “planejamento” para enfrentar a pandemia.

Apesar de lembrar que Mandetta levou à CPI a carta em que alertou o presidente sobre a gravidade da pandemia, Aziz disse que o ex-ministro também não conseguiu dizer à comissão qual o planejamento tocado por ele enquanto ministro da Saúde.

“Qual era o planejamento de testagem, de barreira sanitária, de comportamento? Era tudo incipiente, mas não havia ali um planejamento, ele não deixa nada planejado como ministro”, criticou o senador.

O presidente da CPI ainda avaliou que não é uma maioria, mas, sim, uma minoria no Brasil, com “poder de mídias sociais muito grande”, que defende o uso de medicações com eficácia não comprovada em pacientes infectados pelo novo coronavírus.

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