Banco Central eleva taxa Selic a 3,5% em tentativa de barrar inflação

Alta da inflação e incertezas da economia em razão das crises financeira e sanitária geradas pela pandemia de coronavírus levaram à decisão

Foto: Marcello Casal / Agência Brasil

A taxa básica de juros da economia subiu de 2,75% para 3,5% ao ano pela segunda vez consecutiva, de acordo com decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), divulgada no início da noite desta quarta-feira.

Analistas de mercados já previam a elevação de 0,75 ponto percentual, em uma perspectiva de aumento gradual ao longo de 2021, até chegar a 5% ao ano.

A alta da inflação e as incertezas da economia em razão das crises financeira e sanitária geradas pela pandemia de coronavírus levaram à decisão do Copom.

Relembre

De outubro de 2012 a abril de 2013, a taxa se manteve em 7,25% ao ano e passou a ser reajustada gradualmente até alcançar 14,25% ao ano, em julho de 2015. Em outubro de 2016, o Copom voltou a reduzir os juros básicos da economia até a taxa chegar a 6,5% ao ano, em março de 2018, só voltando a ser reduzida em julho de 2019. De agosto de 2020 a janeiro de 2021, a Selic se manteve em 2% ao ano, o menor patamar da história.

Período não é o ideal para aumento

Apesar de já esperar a alta de 0,75 ponto percentual, o economista André Braz, coordenador do IPC do FGV IBRE, avalia que o período não é o ideal para elevar a taxa básica de juros.

É estranho elevar a taxa em um momento que a economia está patinando, está ruim. Existem outros mecanismos que vão, pontualmente em setores estratégicos, estimulando a concorrência e forçando a redução de preços.

O economista cita dois exemplos: desonerar a importação para algum setor específico poder equipar melhor a indústria nacional e forçar queda de preço e aumentar a carga de impostos de setores que tenham monopólio, como forma de punição.

“Temos mecanismos e acessórios não tão potentes quanto a Selic, mas para conter o aumento inflacionário que não vem de demanda, mas de custos, estão apostando muito na taxa básica de juros”, pontua.