Alvo de críticas, Anvisa alega falta de informações básicas para aprovar vacina Sputnik V

Agência esclarece que não aceita “tentativa de difamar a autoridade sanitária brasileira”

Foto: Instituto Gamaleya/Divulgação

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) divulgou, nesta quarta-feira, uma nota em que responde, segundo ela, aos ataques que vem recebendo, desde que recusou a importação da vacina Sputnik V, solicitada pelo Consórcio do Nordeste. A agência afirmou que não está acima das críticas, mas que está fazendo exigências científicas ao Instituto Gamaleya, responsável pelo desenvolvimento do imunizante em Moscou.

“Há rigor técnico sim em reuniões e trocas de informações, mas não falta respeito pelos países e suas autoridades e nem pelo desenvolvimento científico e pelos esforços que todos estão realizando na tentativa de colocar mais vacinas à disposição da população brasileira. A Anvisa não está acima das críticas, mas são inadmissíveis os ataques à autoridade sanitária do Brasil”, cita o documento.

A Anvisa explicou que está pedindo respostas consideradas básicas e que foram cumpridas por outras indústrias farmacêuticas com vacinas aprovadas no país. “O que vem sendo exigido são questões básicas para uma vacina e não são motivos para indignação e tentativa de difamação do Brasil e dos seus servidores. Os requisitos e as exigências para as vacinas são baseados em ciência e foram cumpridos pelos demais laboratórios de vacinas contra a Covid-19, aprovadas pela Anvisa e por outras autoridades.”

Exigências

Entre os pedidos feitos pelos técnicos da agência brasileira, incluem-se relatório técnico ou dados de toxicologia (por exemplo, estudos capazes de comprovar que a vacina não gera toxicidade para os órgãos reprodutivos e para o feto); dados de segurança por faixa etária e segurança, para aplicação da vacina em pessoas idosas e para as pessoas que já tiveram Covid-19; justificativas sobre os vieses observados nos estudos clínicos; dados sobre as respostas imunes induzidas pela vacina; relatórios de validação; estudos comparativos capazes de garantir que a produção do lote comercial é semelhante com o lote de 5 litros dos estudos clínicos; dados sobre o controle de vírus adventícios, impurezas, contaminantes e adenovírus replicantes.

O comunicado ainda ressalta que a autorização ou não da Sputnik V depende do interesse do Instituto Gamaleya em ter os imunizantes usados por aqui. “A Anvisa já aprovou outras cinco vacinas e a autorização do processo da vacina Sputnik V depende do desenvolvedor, ou seja, os estudos devem ser apresentados e as dúvidas referentes às questões exaustivamente já apontadas devem ser esclarecidas e resolvidas. A transparência, o debate técnico qualificado e os dados técnicos podem comprovar a segurança, a eficácia e a qualidade de um produto que pode salvar milhares de vidas.”

Na última semana, o Instituto Gamaleya chegou a cogitar a possibilidade de processar a agência reguladora brasileira por difamação.