A reorganização de forças políticas do momento pré-eleitoral de 2021 redesenha também o papel do Democratas, partido com longo histórico de relações fisiológicas com o poder, e que, se depender de líderes da legenda, não deverá acompanhar o presidente Bolsonaro em sua campanha pela reeleição.
Além dos conhecidos desafetos Rodrigo Maia (DEM/RJ) e Henrique Mandetta (DEM/MS), também o presidente do Democrata, ACM Neto (DEM/BA), já dialoga com o movimento de presidenciáveis que buscam alternativa à eventual polarização entre Bolsonaro e Lula, esperada para 2022.
O presidente do DEM é interlocutor constante do grupo, principalmente através de Ciro Gomes, do PDT, único declaradamente pré-candidato na próxima disputa presidencial. ACM Neto estaria, inclusive, estimulando a formação de uma terceira via dentro do próprio partido: o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM/MG), que tem marcado posição muito mais independente ao Planalto do que o antecessor, Davi Alcolumbre (DEM/AP).
A movimentação no DEM é tão intensa que já ameaça a posição de Democratas que estão no núcleo do poder, como o ministro Onyx Lorenzoni (DEM/RS), hoje de volta ao Planalto como Secretário Geral da Presidência e cotado para integrar o gabinete da futura campanha de Bolsonaro.
O ministro, que cogita se lançar ao governo do estado do Rio Grande do Sul, avalia deixar a legenda, a depender da posição a ser assumida formalmente pelo Democratas em relação a 2022.
Rodrigo Maia, que deixou a presidência da Câmara rompido com o Planalto e partiu para oposição dura a Bolsonaro, mantém relação próxima e diálogo constante com o grupo de presidenciáveis, principalmente com o governador de São Paulo, João Dória, em guerra aberta com o Planalto.
Maia foi convidado e aceitou, inclusive, participar das comemorações do Primeiro de Maio, organizado por centrais sindicais. O ex-presidente da Câmara, que havia anunciado que deixaria do DEM, ainda não encontrou outra legenda e segue como dissidente na legenda, cuja atuação parlamentar ainda é linha auxiliar do Planalto.
Henrique Mandetta opera publicamente pela formação da alternativa de terceira via à Bolsonaro. O ex-ministro da Saúde de Bolsonaro foi o autor da iniciativa que resultou no manifesto assinado por seis presidenciáveis em defesa da democracia.
*Com informações da colunista do R7, Christina Lemos