Jovens e menos escolarizados foram mais afetados pela pandemia, aponta pesquisa

Ipea diz que taxa de desocupação entre profissionais de 18 a 24 anos era de 30% ao fim de 2020

Foto: Guilherme Almeida/CP

Os trabalhadores com idade entre 18 e 24 anos e os menos escolarizados foram os mais prejudicados pela pandemia do novo coronavírus, de acordo com um levantamento divulgado nesta quarta-feira (14), pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

O estudo aponta que a taxa de desocupação dos jovens saltou de 23,8% no quarto trimestre de 2019 para 29,8% no mesmo período de 2020, o que corresponde a quase 4,1 milhões de profissionais do grupo a procura de emprego ao fim do ano passado.

No recorte por escolaridade, o desemprego foi maior para os trabalhadores com ensino médio incompleto (de 18,5% para 23,7%), na mesma base de comparação anual. Por outro lado, a ocupação dos que têm ensino superior continuou crescendo e houve alta de 4,7%, na comparação entre os números de trabalhadores nesta condição, nos respectivos trimestres de 2019 e 2020.

A economista Maria Andreia Lameiras, autora do estudo, acredita que a crise sanitária potencializou as diferenças existentes no mercado de trabalho. “Foi se tornando cada vez mais evidente, principalmente nos segmentos mais vulneráveis, os jovens e os menos escolarizados, cuja probabilidade de transitar da desocupação e da inatividade para a ocupação, que já era baixa, se tornou ainda menor”, avaliou.

O levantamento mostra ainda que a taxa de desemprego para o sexo feminino (16,4%) foi superior à do sexo masculino (11,9%). No recorte regional, ainda no último trimestre do ano, as regiões Nordeste e Sudeste tiverem maior incremento na taxa de desemprego: de 13,6% para 17,2% e 11,4% para 14,8%, respectivamente.

Os dados da PNAD Contínua, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostram que, embora a ocupação tenha voltado a crescer após ter atingido, em julho do ano passado, o menor valor da série (80,3 milhões), em janeiro deste ano, havia 86,1 milhões de trabalhadores ocupados no país, bem abaixo do observado antes da pandemia (94 milhões em janeiro de 2020).