Ao participar, nesta quinta-feira, de uma audiência pública na Comissão Temporária da Covid-19 no Senado, o diretor-presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antônio Barra Torres, disse que a situação pandêmica está longe do fim.
“O entendimento que temos aqui na agência, e não é um entendimento dos mais felizes, é que essa situação que atravessamos está longe do seu fim. Não há entre nós a convicção de que a fase pior tenha passado. Nós temos tido uma série de sinalizações de que possibilidades ainda mais desafiadoras estão por vir, no curto e no médio prazo”.
Ainda na avaliação de Barra Torres, toda uma estrutura mundial vai ter que se reorganizar a partir do atual quadro de pandemia. “E em setores da economia que, por uma ação fundamentalmente focada no capitalismo, tinham uma justificação, como a terceirização de áreas essenciais de produção em troca de mão de obra mais barata e questão fiscal mais atraente, hoje se dá por comprovado: encontra-se em uma posição de refém diante da oferta de insumos essenciais que vêm do exterior – no caso concreto, basicamente de dois países”.
Nísia Trindade Lima, presidente a Fundação Oswaldo Cruz, também participou da audiência pública. A presidente disse que, no momento em que o Brasil enfrenta dificuldades na importação do IFA (insumo farmacêutico ativo), a fundação, responsável no país pela vacina de Oxford/AstraZeneca, vai assinar, em duas semanas, um acordo de transferência de tecnologia do IFA desse imunizante para que ele seja, enfim, produzido em território nacional.
Segundo Nísia, a Fiocruz trabalha atualmente com duas linhas de produção que permitem a fabricação de 900 mil doses por dia. “Em breve, estaremos trabalhando em uma nova linha de produção, com segundo turno de trabalho”, explicou, dizendo que isso permite a produção de 1,2 milhão de doses/dia.
Segundo a Fiocruz, a previsão é de que as vacinas produzidas com IFA nacional sejam entregues só a partir de setembro. “Temos IFA garantido para produção até o mês de maio. Mas o embaixador da China disse que está acompanhando pessoalmente isso”, enfatizou. A China é o país exportador do IFA usado pelo Brasil na produção dos imunizantes.