Presidente da Anvisa alerta que “situação pandêmica está longe do fim”

Antônio Torres falou, nesta quinta-feira, na Comissão Temporária da Covid-19 no Senado

Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom / Agência Brasil

Ao participar, nesta quinta-feira, de uma audiência pública na Comissão Temporária da Covid-19 no Senado, o diretor-presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antônio Barra Torres, disse que a situação pandêmica está longe do fim.

“O entendimento que temos aqui na agência, e não é um entendimento dos mais felizes, é que essa situação que atravessamos está longe do seu fim. Não há entre nós a convicção de que a fase pior tenha passado. Nós temos tido uma série de sinalizações de que possibilidades ainda mais desafiadoras estão por vir, no curto e no médio prazo”.Quando questionado sobre a possibilidade de vacinas serem produzidas em plantas de produção para uso veterinário, Barra Torres ressaltou que a Anvisa não vê nenhum sentido em manter os olhos apenas nos próximos minutos, nos próximos dias. “Temos, sim, que olhar para um futuro até mesmo mais distante. Já tomamos providências há algum tempo em relação a isso aqui na Anvisa, inclusive com a criação de um grupo de análise estratégica desse quadro, com visão prospectiva, focando nos próximos anos inclusive”.

Ainda na avaliação de Barra Torres, toda uma estrutura mundial vai ter que se reorganizar a partir do atual quadro de pandemia. “E em setores da economia que, por uma ação fundamentalmente focada no capitalismo, tinham uma justificação, como a terceirização de áreas essenciais de produção em troca de mão de obra mais barata e questão fiscal mais atraente, hoje se dá por comprovado: encontra-se em uma posição de refém diante da oferta de insumos essenciais que vêm do exterior – no caso concreto, basicamente de dois países”.

Nísia Trindade Lima, presidente a Fundação Oswaldo Cruz, também participou da audiência pública. A presidente disse que, no momento em que o Brasil enfrenta dificuldades na importação do IFA (insumo farmacêutico ativo), a fundação, responsável no país pela vacina de Oxford/AstraZeneca, vai assinar, em duas semanas, um acordo de transferência de tecnologia do IFA desse imunizante para que ele seja, enfim, produzido em território nacional.

Segundo Nísia, a Fiocruz trabalha atualmente com duas linhas de produção que permitem a fabricação de 900 mil doses por dia. “Em breve, estaremos trabalhando em uma nova linha de produção, com segundo turno de trabalho”, explicou, dizendo que isso permite a produção de 1,2 milhão de doses/dia.

Segundo a Fiocruz, a previsão é de que as vacinas produzidas com IFA nacional sejam entregues só a partir de setembro. “Temos IFA garantido para produção até o mês de maio. Mas o embaixador da China disse que está acompanhando pessoalmente isso”, enfatizou. A China é o país exportador do IFA usado pelo Brasil na produção dos imunizantes.

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