Movimentos embaralham nomes do MDB para disputa de 2022 no Rio Grande do Sul

Deputados Alceu Moreira e Gabriel Souza despontam dentro do partido

Foto: Leandro Osório/Especial Palácio Piratini

Em 2018, após uma eleição precedida por uma campanha virulenta e na qual o então governador José Ivo Sartori (MDB) acabou vencido por Eduardo Leite (PSDB) na disputa pelo Palácio Piratini, o tucano adotou um tom de conciliação e o MDB gaúcho, com oito deputados, decidiu que não faria oposição na Assembleia Legislativa. Leite ofereceu uma secretaria, que acabou ocupada pelo deputado Juvir Costella. E cargos que deputados emedebistas tinham na estrutura da administração permaneceram intactos.

Mesmo assim, o partido não se considerava base e seguiu mantendo certa independência. Sob o bordão de votar as pautas “a favor do Rio Grande”, e dar sequência a diretrizes do governo José Ivo Sartori, a sigla teve papel decisivo na alteração e aprovação de projetos importantes para o Executivo. Ao mesmo tempo, deixava clara sua insatisfação e rebatia frontalmente críticas de Leite ao antecessor. Conforme os críticos da aproximação com o PSDB, o acordo era válido por um ano, com possibilidade de prorrogação até o final de 2020.

No final do ano passado, prestes a ingressar na segunda metade do mandato, e já cotado para a disputa presidencial, o governador se movimentou. O ponto de inflexão foi o apoio do MDB ao projeto do Executivo para prorrogação das alíquotas majoradas do ICMS. Como contrapartida, a possibilidade de estender a participação do MDB no governo, onde as articulações iniciais chegaram a incluir a possibilidade de concessão do comando da Casa Civil.

A necessidade de sustentações mútuas para fortalecer as candidaturas à presidência da República e ao governo do Estado completaram o quadro. Ao final, dos oito votos de que dispunha no Parlamento, o MDB acabou entregando quatro ao projeto do ICMS. A Casa Civil foi para o PSDB. Ao MDB coube a Secretaria de Desenvolvimento Econômico. Mas a articulação ganhou corpo.

Apesar dos protestos internos sobre a necessidade de passar a decisão pelas instâncias partidárias e de ouvir as bases, a aproximação foi considerada boa pelos defensores da candidatura de Alceu Moreira ao governo, como forma de consolidar seu trânsito nacional e lhe garantir uma imagem mais ‘arejada’.

O desejo do presidente estadual da sigla de disputar o Piratini em 2022 era conhecido já, mas visto com ressalvas por outra parte das lideranças emedebistas, por dois motivos principais: a resistência surpresa encontrada a seu nome em parte do Litoral, sua base partidária, durante a campanha municipal de 2020.

E o fato de sua eventual candidatura ter identificação com as mesmas camadas do eleitorado de outro pré-candidato ao governo em 2022: o senador Luis Carlos Heinze (PP). Para esta parcela do MDB, ao invés de fortalecer Moreira, a aproximação com o PSDB o atrapalhou, aumentando as objeções. Por isto, também, ela busca uma alternativa de nome entre os ‘históricos’.

Com o passar dos meses, outros percalços surgiram para o presidente do MDB. A aproximação com o PSDB incomodou os partidários do ex-governador José Ivo Sartori, pré-candidato predileto do partido ao Senado. Eles asseguram que não será possível convencer “o gringo” a apoiar Leite “para qualquer coisa” ou participar de conversas neste sentido. De quebra, entendem que, em uma composição com o PSDB, o MDB vai precisar abrir mão da vaga para o Senado na chapa, o que aumenta o problema.

No sentido inverso, o governador não esconde uma identificação bem maior com parlamentar Gabriel Souza, que passou a dividir agendas, ter protagonismo incentivado e iniciativas incorporadas pelo tucano. Não demorou para que partidários do deputado estadual passassem a cogitar quais suas chances de se lançar ao Piratini. Mesmo que, pela projeção inicial, o plano seja ele disputar uma vaga para a Câmara dos Deputados, ocupando o espaço deixado por Moreira (eles possuem a mesma base eleitoral).

A um círculo muito restrito, o deputado não escondeu o quanto a ideia do Executivo é atraente. Mas também externou receio da reação de Moreira. De público, desmentiu qualquer possibilidade de concorrer ao governo. Questionado sobre a troca, o presidente estadual é polido. “O Gabriel chegou como uma pessoa desconhecida e logo virou líder de bancada, o MDB se orgulha muito da sua liderança. Quanto às candidaturas ao governo do Estado, não podem ser desejo pessoal de ninguém. Ninguém tem prioridade. Eu, por exemplo, não vou em busca de uma candidatura a qualquer preço.”

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