Estado se baseia em redução de internações pela Covid-19 para aumentar flexibilizações

Reunião na noite desta quinta-feira sela os últimos detalhes para o funcionamento das atividades econômicas no RS

Foto: Ricardo Giusti/CP

O diretor do Departamento de Auditoria do SUS da Secretaria Estadual da Saúde, Bruno Naundorf, disse hoje, em entrevista ao Correio do Povo, que a diminuição das restrições, que deve ser anunciada pelo governador Eduardo Leite nesta sexta-feira, se justifica a partir da redução das internações nos hospitais do Rio Grande do Sul. As casas de saúde chegaram a contabilizar 9 mil pacientes e, nesta noite, atendiam menos de 6 mil. Ele também cita o decréscimo do número de novos casos de infectados pelo coronavírus.

“Não queremos voltar a ter uma situação ruim, como o fato de 36% dos óbitos terem ocorrido em março. Esse é um dado importante, mais de 1/3 dos óbitos no Estado ocorrem no mês de março”, alerta.

Por conta disso, o governo ainda definia, no fim da noite desta quinta-feira, ajustes pontuais para confirmar as normas para a flexibilização da economia.

“Contamos muito com fiscalização, que é papel e competência municipal. Esperamos que possa ser feito de forma mais forte nos municípios”, alega Naundorf, que participa das reuniões do Gabinete de Crise do RS. Ele enfatiza que o ‘papel de fiscalização’ existe desde o primeiro decreto do modelo de cogestão.

A novidade é que agora os municípios precisaram colocar no ‘papel’ como vai se dar essa fiscalização. Entre as novas exigências, está a necessidade de o município contar com um fiscal para cada 2 mil habitantes.

“Se vou ter restaurantes abertos ao meio-dia, tenho que ter formas de fiscalizar, por exemplo”, frisa, acrescentando que cada região pode desenvolver as atividades dentro das características locais. “Por isso existe possibilidade de fazer ajustes neste momento, não por pressão, porque todo trabalho é técnico. Em outros momentos, [esses ajustes] já foram mais flexibilizados e mais restritivos”, compara.

Naundorf explica que os protocolos são adequados conforme o momento da pandemia. “Os protocolos são revistos semanalmente, seja para apertar o cinto, seja para flexibilização de acordo com as características. Essa é a vantagem do modelo de Distanciamento Controlado”, sustenta.

Ele alerta que, mesmo com a redução das restrições, os municípios devem acompanhar com atenção os planos sanitários e epidemiológico da cidade. O diretor reforça que o modelo de distanciamento prevê acompanhamento de 11 indicadores para entender o avanço da doença e equilibrar saúde e economia. “Cogestão não é aderir à bandeira anterior, é preciso avaliar dados de saúde e tomar decisões baseadas em dados epidemiológicos”, completa.

De acordo com a Secretaria de Articulação e Apoio aos Municípios (Saam), 389 cidades enviaram, até o fim da noite, o plano de fiscalização.