Policiais federais protestam por ficarem de fora da vacinação contra a Covid-19 no RS

Entidades de classe da categoria ameaçam suspender atividades caso não sejam imunizados

Servidores da PF permanecem trabalhando na pandemia e fazem a segurança até da chegada das vacinas | Foto: PF / CP Memória

Externando o sentimento da categoria, entidades representativas dos servidores da Polícia Federal no Rio Grande do Sul protestaram veementemente contra a exclusão da categoria da lista de profissionais da segurança pública que serão vacinados contra a Covid-19 no Estado. Nesta manhã, a chegada ao Estado e o transporte do maior lote de imunizantes da Coronavac e da Astrazenaca/Oxford foram escoltados por duas viaturas da PF.

“Caso os servidores da Polícia Federal não sejam incluídos na determinação, poderá haver a suspensão das atividades até que sejam imunizados, em razão do alto grau de exposição decorrente de suas atividades, com elevado número de servidores contaminados e levados a óbito em razão do coronavírus”, anunciaram em nota oficial, assinada pelo Sindicato dos Policiais Federais do RS, Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal no RS, Associação Nacional dos Peritos Criminais Federais no RS e Sindicato Nacional dos Servidores do Plano Especial de Cargos da Polícia Federal.

A lista foi divulgada na quinta-feira na resolução nº 060/21 da Comissão Intergestores Bipartite, vinculada à Secretaria Estadual da Saúde. A resolução foi decorrente de Nota Técnica publicada pelo Ministério da Saúde que recomenda o início da vacinação das forças de segurança pública por cumprirem medidas de controle sanitário e desenvolverem ações que contribuem para conter a disseminação da doença. “Destaca-se que são os policiais federais os responsáveis pela escolta das vacinas que chegam no Estado, portanto, atuam diretamente na logística para a contenção da doença”, lembraram as entidades de classe.

“Durante toda crise sanitária, os policiais federais mantiveram o cumprimento de suas funções, tais como: a deflagração de operações policiais, expondo os servidores ao contato com objetos, veículos, dinheiro e, especialmente, com pessoas (policiais e terceiros envolvidos, como alvos e testemunhas); a realização de flagrantes; custódia e escolta de presos; a execução de atividades burocráticas/cartorárias e de atendimento ao público; realização de oitivas em procedimentos policiais e cartas precatórias, entre outras”, citam na nota oficial. Por ironia, os agentes da PF fazem a segurança do desembarque dos lotes de doses no Porto Alegre Airport-Aeroporto Internacional Salgado Filho.

Na semana passada, as entidades representativas da categoria protocolaram ofícios à Secretária Estadual de Saúde, bem como às 13 prefeituras onde há delegacias regionais de Polícia Federal, no sentido de “subsidiar a logística e oferecer infraestrutura, através de locais de vacinação, armazenamento, transporte e profissionais para a aplicação, seguindo todas as exigências sanitárias”.

Na próxima segunda-feira, dia 05, será protocolado um ofício ao governador Eduardo Leite no qual será manifestado o descontentamento e solicitadas providências imediatas. “Convocamos todos a se unirem às nossas solicitações – gestores públicos, políticos e sociedade civil– para que possamos continuar na linha de frente do combate à criminalidade e à corrupção”, conclui a nota.

Vacinação da Segurança Pública

Os primeiros grupos da segurança pública gaúcho que vão receber a vacina contra a Covid-19 serão em torno de 29 mil agentes ativos da Brigada Militar, Polícia Civil, Corpo de Bombeiros Militar, Superintendência dos Serviços Penitenciários, Polícia Rodoviária Federal e Guardas Municipais. A cobertura deste primeiro grupo será de 100%.

Em uma segunda fase, os servidores do Departamento Estadual de Trânsito do RS (Detran) e do Instituto-Geral de Perícias (IGP) serão imunizados. As doses serão distribuídas aos municípios por meio da entrega às Coordenadorias Regionais de Saúde. A vacinação ocorrerá de forma escalonada e proporcional.