Mãe do menino Rafael vai a júri popular em Planalto

Alexandra Dougokenski é acusada de matar a criança e ocultar o cadáver, em maio do ano passado

Foto: Arquivo pessoal/Reprodução

A pedido do Ministério Público, a justiça de Planalto, no Norte gaúcho, aceitou a denúncia contra Alexandra Dougokenski, acusada de matar o filho, Rafael Winques, então com 11 anos, em 14 de maio do ano passado, na casa em que ambos viviam. Com isso, a ré vai a júri popular, em data a ser definida. Cabe recurso da decisão, assinada pela juíza Marilene Campagna.

Alexandra vai responder pelos crimes de homicídio doloso quadruplamente qualificado (motivo torpe, motivo fútil, asfixia, dissimulação e recurso que dificultou a defesa da vítima), ocultação de cadáver, falsidade ideológica e fraude processual.

“A pronúncia do crime de homicídio, com todas as qualificadoras, e dos demais crimes conexos refletem o árduo trabalho que o Ministério Público desenvolveu, tanto durante o acompanhamento das investigações quanto durante a instrução processual. Todos os fatos imputados à Alexandra foram baseados em indícios sólidos e puderam ser comprovados durante a instrução processual”, pontuou a promotora de Justiça de Planalto, Michele Kufner.

Júri popular

Vão a júri popular os crimes de homicídio dolosos (com intenção) consumados ou tentados, conforme a legislação penal. Nesses julgamentos, sete jurados (Conselho de Sentença), escolhidos em sorteio prévio, decidem pela culpa ou inocência do réu. Em caso de condenação, cabe ao juiz estipular o tempo e as condições da pena.

Relembre

O Ministério Público denunciou Alexandra em 10 de julho de 2020, menos de um mês depois do crime. Conforme a peça, nos dias que antecederam o assassinato, ela passou a se sentir incomodada com as negativas do filho em acatar ordens, como diminuir o uso do celular e dos jogos online. De acordo com a acusação, a mulher também temia a influência do comportamento de Rafael, o caçula, sobre o do filho mais velho, que é beneficiário da pensão que a família recebia.

Segundo a denúncia, Alexandra articulou a morte de Rafael dentro desse contexto. Para levar o plano adiante, retirou da casa da mãe comprimidos de Diazepam e os deixou guardados até o momento oportuno. O MP sustenta que ela decidiu matar o filho na véspera, após repreender o menino, aos gritos, para parar de jogar, e depois de fazer pesquisas na internet sobre o uso de substâncias tóxicas para diminuir a resistência da vítima – como colírios e o chamado “Boa Noite Cinderela”.

Laudos periciais mostraram que, na noite do crime, Rafael tomou dois comprimidos de Diazepam. A denúncia cita que, por volta das 2h, munida de uma corda, Alexandra estrangulou o filho até ele morrer sufocado. Em seguida, ocultou o cadáver do menino em uma casa vizinha, dentro de uma caixa de papelão. Rafael teve o corpo encontrado dez dias mais tarde.

Alexandra segue detida na Penitenciária Municipal de Guaíba, na região Metropolitana. O MP tenta, agora, desarquivar as investigações sobre a morte do ex-marido dela, ocorrida em 2007. O inquérito policial, à época, apontou suicídio.