A escolha da cultivar de trigo pode representar uma diferença superior a R$ 2 mil por hectare. A informação foi dada durante apresentação dos resultados do Estudo de Cultivares em Rede (ECR) de Trigo da Safra 2020. A pesquisa, que está em seu décimo segundo ano, é uma realização do Sistema Farsul com a Fundação Pró-Sementes e conta com o patrocínio do Senar-RS desde o início e que agora recebe a companhia da Bayer e Banco do Brasil Seguros.
A apresentação foi feita pela coordenadora de Pesquisa e Desenvolvimento da Fundação Pró-Sementes, Kassiana Kehl, responsável pelo trabalho. A pesquisa foi realizada nas regiões de Cachoeira do Sul, Cruz Alta, Passo Fundo, São Gabriel, São Luiz Gonzaga, Santo Augusto e Vacaria. Conforme a coordenadora, os locais são definidos pela heterogeneidade do ambiente, “as diferentes características de clima, de solo e, também, pela representatividade que a cultura do trigo tem nessas regiões. São municípios que foram escolhidos justamente por suas diferenças em termos de altitude, pluviosidade, condição de solo e características de época de semeadura”, explica
No total, foram analisadas 29 cultivares de diferentes obtentores, ciclos e classe industrial. “Elas são escolhidas através de um critério de seleção. Tomamos por referência as maiores áreas selecionadas para produção de sementes no Rio Grande do Sul. Isso basicamente reflete no que hoje é comercializado. Dentro desse grupo estão as quinze mais comercializadas no estado”, completa a pesquisadora.
Na Região 1, a maior produção foi da cultivar TBIO Ponteiro, que atingiu 148 sacos por hectare em Vacaria entre as de ciclo médio. Nos demais municípios, os principais resultados foram TBIO Ponteiro com 109 sc/ha em São Gabriel e 108 sc/ha em Cruz Alta. Em Passo Fundo, BRS Reponte, TRS Madrepérola e TBIO Aton, empataram em 103 sc/ha cada. Nas de ciclo precoce, os destaques ficam com LG Supra com 125 sc/ha, em Vacaria; e TBIO Audaz com 100 sc/ha, em Cruz Alta, 97 sc/ha, em São Gabriel, e 88 sc/ha, em Passo Fundo.
Na Região 2, o primeiro lugar em produtividade ficou com TBIO Ponteiro, em Cachoeira do Sul, com 133 sc/ha. Em São Luiz Gonzaga, a TBIO Aton atingiu 118 sc/ha e em Santo Augusto, a líder foi TBIO Ponteiro com 92 sc/ha, todas de ciclo médio. No ciclo precoce, a TBIO Audaz registrou 135 sc/ha, em Cachoeira do Sul; a FPS Regente 114, em São Luiz Gonzaga; e ORS Agile 86 sc/ha em Santo Augusto.
Durante a apresentação, Kassiana demonstrou como a escolha da cultivar certa é importante para os produtores. Na comparação de produtividade entre as sementes de maior e menor rendimento em Cachoeira do Sul, a diferença foi de 29 sc/ha. Em preços atuais, significa uma diferença de R$ 2.233,00 por hectare. Ela também comentou que apesar dos resultados dos testes, a produtividade no Rio Grande do Sul ainda está distante do seu potencial. Atualmente, ela é de 40,5 sc/ha. A coordenadora apresentou uma novidade da pesquisa, a análise da qualidade tecnológica que considera cor, força de glúten, número de quedas e proteína do grão.
O presidente do Sistema Farsul, Gedeão Pereira, fez a abertura da coletiva. Na sua fala, ele destacou que o trabalho se trata de uma pesquisa privada de grande importância porque “dá o indicativo aos nossos produtores rurais daquilo que é melhor para sua região. Porque nós temos um estado absolutamente diversificado que requer estudos diferenciados que possam indicar aquilo que é melhor”, avalia.
Gedeão destacou a relevância cada vez maior que o agronegócio tem na economia estadual e federal. “Talvez a gente vá partir para uma das maiores colheitas do Rio Grande do Sul e, com absoluta certeza, posso afirmar que o campo nunca terá contribuído tanto na história do estado como irá, neste difícil ano, em termos de recursos”, afirma.
O coordenador da Comissão do Trigo e Culturas de Inverno da Farsul, Hamilton Jardim, falou da importância do estudo como ferramenta de gestão para os produtores. “Para que tenhamos produtividade é necessária uma pesquisa totalmente independente para que os materiais que vão a campo sejam aqueles que expressem as diferentes regiões do Rio Grande do Sul e o seu potencial máximo. O Sistema Farsul sempre apoiou e escolheu a Fundação Pró-Sementes para que esses resultados cheguem da melhor maneira possível ao agricultor”, destaca.
O presidente da Fundação Pró-Sementes, Hugo Boff, enfatizou a importância do trabalho e da parceria com o Sistema Farsul. “A Fundação sozinha jamais conseguiria fazer este trabalho, que é de suma importância para a agricultura do Rio Grande do Sul, para que todos possam fazer uma excelente escolha da cultivar que é o início de tudo. Se começar a plantar bem, escolher o melhor material, com certeza a chance de ter um sucesso na lavoura é bem maior”, avalia.
O Senar-RS patrocina a pesquisa desde a primeira edição. Para o superintendente da entidade, Eduardo Condorelli, o Senar-RS, assim como a Fundação Pró-Sementes, são difusores de conhecimento de tecnologias. “Nós conhecemos essas carências que o produtor rural tem e a necessária agilidade na produção desse conhecimento científico que, no caso particular da genética vegetal, é extremamente dinâmico”, avalia. “Aqui se faz a primeira informação que leva a possibilidade de sucesso. Se nós acertarmos aqui, continuamos com chance de acertar no sucesso de toda a lavoura. Se errarmos aqui, não adianta fazer mais nada, porque já escolhemos a variante errada”, conclui.
Farsul e Fundação Pró-Sementes apresentam resultados de estudos do trigo
Escolha de cultivar correta pode significar diferença de quase trinta sacos por hectare