O Brasil registra, pela primeira vez desde o início da pandemia, a piora simultânea de diversos indicadores, como o crescimento do número de casos e de óbitos relacionados à Covid-19, a manutenção de níveis altos de incidência de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), alta positividade de testes e sobrecarga hospitalar. É o que aponta o segundo Boletim do Observatório Fiocruz Covid-19, divulgado nesta terça-feira. O boletim saiu no mesmo dia em que o país atingiu o recorde de mortes por coronavírus em 24 horas: 1.641 óbitos.
O cenário alarmante, segundo a análise, representa apenas a ponta do iceberg de um patamar de intensa transmissão no país. Ainda de acordo com a nota, 19 estados tinham, no início da semana, taxas de ocupação de leitos de UTI acima de 80%, sete a mais que no boletim anterior, de 22 de fevereiro. Por isso, o órgão considera que a situação atual precisa da adoção ampla de medidas de distanciamento social.
O boletim analisa um conjunto de dados do Sistema Único de Saúde (SUS) sobre casos, óbitos e taxas de ocupação de leitos de UTI Covid para adultos no país verificados em 1º de março, em comparação aos observados em 22 de fevereiro.
Diante da piora generalizada do quadro, os pesquisadores do Observatório Fiocruz Covid-19 advertem que os desafios atuais exigem um enfrentamento de todos os setores do sistema de saúde, não apenas em hospitais, mas também no reforço de ações de atenção primária (APS) e vigilância em saúde.
Com os números desta terça, o Brasil chega a um acumulado de 257.361 óbitos e 10.646.926 casos confirmados de Covid-19. O Ministério da Saúde estima que 9,45 milhões de pessoas já tenham se recuperado. Nesta terça, o Rio Grande do Sul também bateu recorde de mortes reportadas em 24 horas, em razão da Covid: 185.
Já a média móvel de mortes diárias continua batendo recordes diários e atingiu hoje 1.262, com um aumento de 19% em relação a 14 dias atrás. A média móvel de novos casos diários chegou a 55.579. Na comparação com 16 de fevereiro, a alta é de 20,7%.