Em meio à escalada de casos de Covid-19 em Porto Alegre, o prefeito da Capital, Sebastião Melo (MDB), deve viajar à Brasília na tentativa de obter mais recursos para o setor de saúde da cidade. Na agenda de compromissos, antecipada ao programa Agora, da Rádio Guaíba, nesta segunda-feira (22), constam reuniões com a bancada gaúcha da Câmara dos Deputados, integrantes do Banco Mundial e o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello.
O embarque ainda não tem data marcada, e depende dos desdobramentos da crise enfrentada no combate à pandemia. Porto Alegre está, pela primeira vez, sob a bandeira preta no modelo de Distanciamento Controlado – e depende da manutenção da cogestão para continuar executando os protocolos da bandeira vermelha. A medida é defendida por Melo, que não pretende restringir as atividades econômicas.
“Acho que pela envergadura da Capital, pelos instrumentos que temos, pelo comitê do Covid, pela infraestrutura de saúde, deveríamos ter autonomia para decidir todas as nossas ações. Mas chegamos à conclusão que o caminho mais rápido para flexibilizar os negócios em Porto Alegre é a cogestão. Não vejo nenhuma evidência científica de que manter a cidade aberta, com protocolos, é causa de aumento da Covid”, afirma o emedebista.
Ainda conforme Sebastião Melo, as recomendações feitas pelo Governo do Estado na sexta-feira – como a interrupção das atividades comerciais noturnas e a suspensão do calendário de aulas presenciais – foram acatadas. O prefeito de Porto Alegre classifica o ato como “um gesto de colaboração”, e pede a administração municipal tenha mais espaço na tomada de decisões.
“Tínhamos todas as nossas escolas prontas para receber os alunos a partir de hoje, e também suspendemos isso. Colocamos a Guarda Municipal, que já estava fazendo a fiscalização junto da Guarda Municipal, para fazer valer as restrições após as 22h. Acredito que a cogestão é um caminho de responsabilidade duplo. Se o governador tem legitimidade para decidir, o prefeito também tem”, opina Melo.
96% dos leitos de UTI em Porto Alegre estão ocupados
A flexibilização das atividades econômicas foi a principal bandeira de Melo nas Eleições 2020, quando enfrentou Manuela D’Avila (PCdoB) no segundo turno. As primeiras medidas da gestão neste sentido foram tomadas em 11 de janeiro, quando a região de Porto Alegre – à época, em bandeira vermelha – ingressou na cogestão e passou a adotar protocolos mais brandos, de bandeira laranja.
Em reunião virtual com o Ministério da Saúde, realizada na sexta-feira, Melo reclamou da falta de repasses do Governo Federal após a virada do ano. “Este foi o tema central do encontro. Eu, e diversos outros prefeitos, falamos que o Pazuello precisava abrir uma linha de crédito especial. Nós temos limites nos nossos orçamentos municipais. Para abrirmos novos leitos, precisamos de equipamentos e recursos humanos”, pondera o político.
Hoje, 96,9% dos leitos de tratamento intensivo na Capital estão ocupados. O Complexo Hospitalar Santa Casa, que possui 99 vagas em operação, já excedeu a sua capacidade, e está tratando 108 pacientes. Segundo dados da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), outras cinco instituições bateram a marca dos 100% de lotação: Moinhos de Vento, Mãe de Deus, Independência, Fêmina e Restinga.