Vacina não é solução para altas taxas de transmissão, adverte Gabbardo

Secretário-executivo do Centro de Contingência do combate ao coronavírus em SP disse que critério mais adequado para a distribuição de vacinas é o demográfico

Foto: Governo do Estado de São Paulo / Divulgação

As altas taxas de transmissão da doença não devem ser critério para priorização da vacinação e distribuição de doses de vacinas contra Covid-19, alertou hoje o secretário-executivo do Centro de Contingência do combate ao coronavírus em São Paulo, João Gabbardo dos Reis. Ex-secretário da Saúde do Rio Grande do Sul, ele participou da Live JR, programa de entrevistas do Jornal da Record, nesta sexta-feira.

“Vacina não é solução para quando se apresenta transmissibildade alta”, afirmou. “A vacina protege. Deve ser aplicada em pessoas que ainda não estão com vírus porque ela vai levar três, quatro semanas para fazer efeito. A vacina é para prevenção. Nos locais onde a transmissão é baixa, a gente evita que aumente a transmissibilidade da doença”, disse.

Gabbardo afirmou que, por esse motivo, o critério mais adequado para a distribuição de vacinas é o demográfico e não a taxa de transmissão. Como as taxas tendem a ser mais altas em lugares onde as restrição são menos respeitadas, há o risco de haver um desestímulo à adoção das medidas de proteção. “Cria na população um sentimento de injustiça muito grande”, detalhou o secretário-executivo.

Ele afirmou ainda que, apesar da alta taxa de transmissibilidade entre jovens, os idosos recebem prioridade por estarem mais sujeitos a casos graves e maiores taxas de mortalidade.

Novas variantes

O secretário descartou a possibilidade de aumento das restrições às atividades econômicas a partir da circulação de novas variantes do coronavírus. Em São Paulo, só nesta semana, foram registrados 32 casos das variantes de Manaus e da linhagem britânica.

Vacina contra Influenza e Covid-19

O secretário-executivo conta que durante a campanha de vacinação contra Influenza, prevista para os meses de março e abril, não há problemas, caso seja possível, uma mesma pessoa ser também imunizada contra a Covid-19. “Não existe nenhum problema de fazer a vacina da Influenza junto com a vacina da Covid. A pessoa pode se vacinar no mesmo dia.”

Segundo Gabbardo, a partir do ano que vem, a expectativa do instituto Butantan é começar a pesquisar uma vacina casada de Influenza e Covid-19. “É possível, o próprio Instituto Butantan – esse ano não vai ser possível -, mas no ano que vem colocar a vacina de Covid já na composição da vacina da influenza. Quando o indivíduo for vacinado na Influenza, vai receber dois, três ou quatro vírus da vacina da Influenza e podemos ter a vacina da Covd, então, em uma dose só.”

“Talvez haja vacinas separadas para atender diferentes grupos populacionais já que para Influenza, gestantes e crianças fazem parte de grupos prioritários, mas não no no caso da Covid-19”, observou.

Carnaval

Gabbardo também lamentou as aglomerações registradas durante os dias correspondentes ao feriado de Carnaval. “É muito triste ver que esses jovens estejam sendo extremamente egoístas, pensando apenas no seu bem-estar, sem perceber que serão vetores de transmissão, responsáveis por óbitos e mortes entre seus familiares. O jovem deve ter esse senso de responsabilidade e nós devemos ser muito duros em relação a isso”, declarou.

WP Twitter Auto Publish Powered By : XYZScripts.com
Sair da versão mobile