Coletores de resíduos hospitalares buscam direito à vacinação contra a Covid-19

Funcionários estão trabalhando assustados por não estarem inseridos no processo de imunização

Foto: Alina Souza / CP

A Secretaria Estadual de Saúde (SES) divulgou, no final do mês de janeiro, uma lista com a ordem de prioridades para a vacinação contra a Covid-19 aos profissionais da saúde. Divididos em doze tópicos com base no risco de contaminação, estes trabalhadores vão ser imunizados de acordo com as doses disponíveis. Mas, ao fim da listagem, não aparece o setor de descarte de resíduos hospitalares, passo seguinte ao da aplicação em si, o que trouxe reclamações da categoria.

Empresa responsável pelo recolhimento, transporte e destinação de amostras de testes de Covid-19 de todo o Rio Grande do Sul, a Ambientuus Tecnologia Ambiental é a única empresa de incineração no Estado licenciada pela Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam). Mas, segundo a diretora, Dulce Grippa, os funcionários estão trabalhando assustados por não estarem inseridos no processo. “Caso eu tenha dez funcionários infectados simultaneamente, aí teremos um segundo grande problema de saúde no Estado. Não poderemos coletar os resíduos nos hospitais, UPAS e postos de saúde”, lamentou.

Com a incineração, a Ambientuus, baseada em Cachoeirinha, controla e elimina de forma segura a emissão de gases, após queima de resíduos infectantes, aqueles que tiveram contato com secreção humana e animal. “Além do Estado e de municípios, atendemos hospitais, universidades, salões de tatuadores, clínicas veterinárias e pet shops, por exemplo”, relatou Dulce.

Ao todo, são 90 colaboradores, dos quais, 30 terceirizados, e ainda poucos casos de contaminação. No entanto, a diretora contou que há falta de bombonas no mercado para acondicionar o resíduo excedente. “Estamos trabalhando dobrado e nas mesmas condições. E ainda sem vacina? Não sei até quando vamos segurar”, ressaltou.

Dulce afirmou ter enviado três ofícios à SES a fim de buscar respostas sobre a vacinação. “Não tivemos resposta para nenhum dos documentos até agora”, frisou, reiterando que outras empresas do setor também se sentem à margem neste sentido e estão preocupadas. Ela chama o caso de “indiferença” com a chamada “turma do lixo hospitalar”.

Procurada, a SES não se pronunciou sobre os ofícios e informou que dados sobre os grupos a serem vacinados estão disponíveis neste link, onde pode ser acessada a lista citada no início desta matéria, onde não constam os profissionais do descarte de resíduos hospitalares.

Nesta sexta-feira, o prefeito Miki Breier de Cachoeirinha, município de origem da Ambientuus, afirmou durante live em suas redes sociais, que os funcionários que prestam serviços terceirizados, inclusive de coleta de resíduos, serão vacinados. “Ainda não há data determinada, mas já foi uma luz!”, afirmou Dulce.