Polícia Civil desarticula tele-entrega de drogas no RS com uso do dinheiro do auxílio emergencial

Traficantes montaram falsa empresa de sonorização de festas para emitirem boletos aos clientes

Foto: Polícia Civil / Divulgação

A operação Caçador foi deflagrada ao amanhecer desta terça-feira pela Polícia Civil com o objetivo de combater uma organização de narcotráfico que criou uma empresa fictícia, na área de sonorização de festas, para que os usuários comprassem drogas com o dinheiro do auxílio emergencial. Agentes da 3ª DP de Canoas, sob comando do delegado Rodrigo Caldas, cumpriram nove ordens judiciais, sendo três mandados de prisão preventiva e seis mandados de busca e apreensão.

A ação ocorreu nos bairros Guajuviras e Estância Velha, além de Porto Alegre. Três criminosos foram detidos. Houve a mobilização de 34 agentes em 12 viaturas, tendo apoio aéreo do helicóptero e da equipe tática da Coordenadoria de Recursos Especiais (CORE) da Polícia Civil.

As investigações apontaram que os traficantes criaram um sistema de tele-entrega para a venda de entorpecentes no período da pandemia. Cerca de 100 pedidos eram atendidos por semana. Para atrair a clientela, eles montaram um esquema para possibilitar o pagamento da droga aos usuários a partir da utilização do auxílio emergencial, criado em razão da Covid-19.

Conforme a equipe da 3ª DP de Canoas, os criminosos emitiam boletos com códigos de barra para os usuários pagarem pelas drogas e posteriormente sacavam os valores depositados. Como o saque de valores do auxílio emergencial não é sempre possível e valia somente o pagamento de contas, os investigados constituíram uma empresa de fachada para lançar os falsos boletos, sendo estes enviados aos usuários através do aplicativo WhatsApp.

O delegado Rodrigo Caldas afirmou que “é uma operação que visa especificamente o tráfico de drogas nos municípios de Canoas e Porto Alegre, com a finalidade de repressão a tal tipo de delito”. O titular da 3ª DP de Canoas observou ainda que o agravante foi o fato dos investigados utilizarem “o auxílio emergencial para o pagamento das drogas pelos usuários, em clara fraude ao incentivo criado pelo governo para a pandemia do vírus”. Na avaliação dele, trata-se de um “grave crime contra a saúde pública, vitimizando a cada dia mais pessoas, em especial jovens, que são mais sujeitos a experimentar e, consequentemente, desenvolver o vício pelas drogas”.

Já o diretor da 2ª Delegacia de Polícia Regional Metropolitana (2ª DPRM), delegado Mario Souza, destacou que “é um esquema sofisticado que está sendo desarticulado, que inclui a busca por dinheiro do auxílio emergencial” e que “é o reflexo positivo da continuidade do trabalho investigativo da Polícia Civil, que sempre busca os maiores e mais importantes responsáveis pela criminalidade”.