ATP diz que “revisão tarifária, além de obrigatória, é urgente”

Rodoviários de Porto Alegre se reúnem nesta terça-feira para avaliar proposta de reajuste salarial

Os primeiros meses do ano tradicionalmente são marcados por negociação salarial entre rodoviários e as empresas que operam o transporte público de Porto Alegre. Na busca por reajuste, o Sindicato dos Rodoviários deu início à campanha salarial ainda em novembro de 2020. Nesta terça-feira, às 19h, a categoria agendou um novo encontro para apreciar a segunda proposta da patronal. Por outro lado, preocupada com os prejuízo das empresas, a Associação dos Transportadores de Passageiros (ATP) pretende que o cálculo tarifário seja feito até 1º de fevereiro, data fixada junto ao Centro Judiciário de Solução de Conflitos e Cidadania (Cejusc).

De acordo com o presidente do Sindicato dos Rodoviários de Porto Alegre, Sandro Abadde, a primeira proposta negada pelos trabalhadores previa a retirada do vale-alimentação no período de férias, retirada do valor adicional por tempo de serviço (quinquênio) e o início do pagamento do reajuste somente na metade de 2021.

“Hoje teremos uma nova assembleia e aguardamos uma proposta da patronal. Já manifestamos o desejo do trabalhador e estamos aguardando para apreciar essa proposta que deve chegar até o final da tarde”, afirma.

O pedido da categoria é de 5,45% de aumento referente ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) de 2020 e mais um ganho real de 1%. Em 2020, mesmo com negociação, não houve reajuste do salários dos rodoviários.

A negociação com a categoria é um dos pilares balizadores para o valor da passagem em Porto Alegre. No ano passado as empresas de ônibus solicitaram que a tarifa fosse de R$ 5,20. A prefeitura, através da EPTC, encaminhou o valor de R$ 5,05 ao Conselho Municipal de Transportes Urbanos (Comtu). Em decorrência da pandemia o conselho não conseguiu chegar a uma definição, o que manteve a passagem de ônibus no valor de R$ 4,70.

“Revisão tarifária além de obrigatória é urgente”

O engenheiro de Transportes da ATP, Antônio Augusto Lovatto, disse ser praticamente impossível não haver revisão tarifária em 2021 e ficar dois anos consecutivos sem aumento. “Quanto a não haver reajuste é praticamente impossível que isso ocorra. Nós estamos dois anos sem reajuste. No ano passado não houve revisão por problemas que todos sabem porque ocorreu. Os preços estão defasados. Não é só a questão dos salários dos rodoviários. Todos os insumos relativos ao sistema de transporte coletivo urbano por ônibus está muito defasado. Então uma revisão tarifária, além de obrigatória é urgente”, pontua.

Sem indicar valores para a passagem, a ATP garante estar montando o cálculo tarifário. “Tudo depende da negociação que está tendo junto com a prefeitura. O governo pode optar por um caminho. Existe a tarifa técnica e a tarifa do usuário. Em grande parte do mundo se trabalha assim e essa é uma das propostas que está na mesa”, explica.

Conforme a Associação, a quebra no caixa das empresas, em 2020, foi de mais de R$ 100 milhões. O prejuízo foi atenuado com um aporte do executivo municipal na ordem de R$ 40 milhões até agosto do ano passado.