Suposto esquema de propina arrecadou R$ 50 milhões do Rio, aponta MP

Operação prendeu preventivamente seis investigados, entre eles o prefeito Marcelo Crivella

Foto: Divulgação/MPRJ

O Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) e a Polícia Civil apontaram que o suposto esquema de propina na Prefeitura do Rio arrecadou cerca de R$ 50 milhões. As informações foram dadas em uma entrevista à imprensa, quando os procuradores também apresentaram a denúncia, de 280 páginas, oferecida à Justiça. Ao todo, 26 pessoas foram alvo da investigação.

A operação prendeu preventivamente seis investigados, entre eles o prefeito Marcelo Crivella. Todos foram conduzidos a uma audiência de custódia, às 15h, no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ). A ação que apura crimes como organização criminosa apreendeu ainda uma embarcação e um veículo do empresário Rafael Alves.

Questionado se a prisão do prefeito a nove dias do fim do mandato se tratou de uma “ação espetaculosa”, o subprocurador-geral de Justiça de Assuntos Criminais e Direitos Humanos, Ricardo Ribeiro Martins, disse que a investigação segue um tempo próprio e citou o surgimento de elementos aos “45 do segundo tempo”.

“Nós tivemos uma investigação que se desenvolveu de 2018. Só para terem uma ideia, ela ocupa 2 teras (terabytes) de tamanha com documentação. Imagina se a gente espera até o dia 1º e entrega na mão do promotor de primeiro grau? ‘Toma dois teras de conteúdos e documentos e se vira’. Nós temos uma equipe, essa denúncia foi elaborada com 280 páginas, você não elabora de um dia para outro. Esse trabalho de investigação é lento”, afirmou.

Em seguida, completou: “Aos 45 do segundo tempo, surgiu uma colaboração fundamental e não há sentindo que a gente deixe isso na mão de um colega de trabalho de primeiro grau, quando temos todo o trabalho pronto. Nós temos a atribuição. Nós ficamos com tudo pronto 8 dias antes, mas podíamos estar um mês antes. Se a gente oferecesse antes da Eleição, olha o problema no pleito eleitoral. A gente tinha que oferecer uma hora”, declarou.

Crivella nega todas as acusações. Após ter sido detido em casa, na Barra da Tijuca, o prefeito disse ter sido o chefe do executivo municipal que mais combateu a corrupção, cobrou justiça e afirmou ser vítima de uma perseguição política.

As prisões foram um desdobramento da Operação Hades, que apura supostos pagamentos de propina dentro da Prefeitura do Rio de Janeiro, considerada pela investigação um “QG da Propina”.