Denunciado pelo MP, ex-deputado Edu Olivera admite ter sido pego de surpresa

Órgão sustenta que político comandou suposta organização criminosa em gabinete

Foto: Agência ALRS

Denunciado pelos crimes de organização criminosa, peculato, concussão, uso de documento falso e falsificação de documento público, o ex-deputado estadual Edu Olivera admitiu hoje estar surpreso com o desdobramento da investigação realizada sobre o gabinete parlamentar. Os trabalhos, que começaram em dezembro de 2018, tiveram os resultados finais divulgados nesta terça-feira pelo Ministério Público.

Segundo o MP, o ex-parlamentar – à época, filiado ao PDT – instaurou um suposto esquema de desvio de verbas públicas, junto de dez assessores, com lucro estimado em R$ 291 mil. Os envolvidos foram apontados como responsáveis pelo desvio de verbas públicas referentes a diárias de viagens pelo interior do Estado, em nome da Assembleia Legislativa. Para o órgão, o ex-deputado também mantinha funcionários fantasmas no gabinete.

“O fato é que nós sempre tivemos, desde o início do mandato, um escritório político em Santana do Livramento. Sem ele, não era possível que as pessoas tivessem acesso ao deputado, ao gabinete, enfim. Tendo um escritório na cidade, eu precisava de assessores lotados por lá – e em deslocamento constante para Porto Alegre, atendendo às demandas que surgiam”, explica Edu Olivera.

Apontado pela investigação como o líder da organização que obtinha dinheiro através da apresentação de notas falsificadas, o político fala que pretende retomar a vida pública após provar inocência na Justiça. “Não tive como continuar depois de tudo o que foi feito com a minha imagem nesses dois anos. Espero ansioso a oportunidade de poder provar a nossa inocência e rebater as acusações”, finaliza.

Investigações

Os trabalhos começaram com o cumprimento de um mandado de busca no antigo gabinete e na casa do ex-parlamentar, em Santana do Livramento. Na peça enviada à Justiça, o Ministério Público apontou evidências da existência de um esquema de “rachadinhas” – no qual era exigido o repasse de parte dos salários de outros servidores em benefício do político.

Ainda conforme as investigações, um dos acusados, contratado como assessor, recebeu mais de R$ 77 mil em um espaço de 20 meses sem exercer qualquer atividade relacionada ao mandato. No período, o homem atuou como caseiro em um sítio de Edu Olivera. Com a publicação, cabe ao Tribunal de Justiça acatar, ou não, a denúncia oferecida pelo órgão. Ou seja: o próximo passo do caso é a instauração de um processo, ou o arquivamento.