Carnes chegarão 16% mais caras à ceia natalina

Aumento do custo de produção, impulsionado por cotações do milho e farelo de soja, elevou preços de alimentos tradicionais de fim de ano

Foto: Divulgação / CP Memória

As tradicionais carnes natalinas – tanto de aves, quanto de suínos – vão chegar mais caras à mesa do consumidor neste final de ano. Estimativa da Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav) aponta para um aumento médio de 16% no preço do quilo das aves natalinas, entre elas, o peru. Conforme a entidade, o quilo do frango natalino deve custar em média R$ 9,95, enquanto o de peru deve ser encontrado a R$ 17.

A Asgav também pontua que, para atender a demanda das festas, no mercado local, para outros estados e exportação, a produção desses tipos de aves vai chegar a 80 mil toneladas, 35 mil das quais apenas de peru. Com 3,6 milhões de animais criados, o Rio Grande do Sul é o maior produtor de perus do Brasil. A associação justifica a alta de preço pelas dificuldades enfrentadas pelo setor neste ano, não apenas em razão da pandemia, mas também pelas cotações históricas registradas pelas commodities.

O presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Ricardo Santin, reconhece que o comportamento dos preços do milho e do farelo de soja, majorados em mais de 60% em 2020, levaram os valores das carnes de aves e de suínos a um outro patamar, segundo ele, estrutural. “Os preços das carnes que nós representamos não devem recuar”, observa Santin, ao esclarecer que o repasse de valores ao consumidor foi um degrau que precisava ser vencido para continuar produzindo. Os problemas trazidos pela pandemia, complementa, tiveram impacto menor que o aumento de custos decorrente dos grãos. “O Brasil exportou em 2020 pelo menos 6 milhões de toneladas a menos de milho que no ano anterior e isso nos leva a questionar aumentos tão grandes, além de considerar uma possível especulação”, reflete.

Nos últimos meses, depois de confirmada a desoneração da folha de pagamento pelo Congresso Nacional, o dirigente garante que a indústria de proteína animal contratou pelo menos 10 mil trabalhadores, além dos 20 mil já empregados durante a pandemia. Somente a BRF Brasil Foods anunciou na segunda quinzena de novembro a abertura de 3,4 mil vagas em plantas distribuídas pelo país.