Terminou nesta quinta-feira o prazo para a Petrobras receber as propostas das empresas interessadas na compra da Refinaria Alberto Pasqualini (Refap), em Canoas. A unidade gaúcha está entre as oito presentes no projeto de desinvestimentos da estatal, que não divulgou detalhes da negociação. As expectativas do mercado são de que as vendas da Refap e da paranaense Presidente Getúlio Vargas (Repar), em Araucária, rendam à Petrobras cerca de US$ 5 bilhões.
Somente a privatização da Refap pode representar US$ 2 bilhões. No fim de novembro, venceu o prazo para as empresas assinarem o acordo de confidencialidade para avançar o negócio. A Raízen, que pertence ao grupo Cosan (dono da rede de postos Shell), e a Ultra (que detém a rede de postos Ipiranga), eram as candidatas esperadas por terem dado lances pela Refap. Especula-se que a Raízen fique com a Repar e que a Ultra, que já opera no RS, adquira a Refap. Procuradas, as empresas não se pronunciaram.
Sindicato critica negociação
Empresas ou consórcios que queiram ficar com as instalações devem ter receita anual de, no mínimo, US$ 3 bilhões. Segundo o Sindicato do Petroleiros do RS (Sindipetro RS), a venda significa prejuízos ao meio ambiente e dificuldades aos trabalhadores do setor. Para o presidente do entidade, Fernando Maia, “como ocorreu com a BR Distribuidora e o Polo Petroquímico”, deve haver corte de benefícios e demissão em massa. “Já ouvimos relatos de petroleiros que foram chamados a reduzir seus salários”, salientou. Outra consequência é a perda do ICMS. Só Canoas, cidade sede da Refap, pode perder R$ 150 milhões em arrecadação.
A Petrobras já havia anunciado ter recebido propostas vinculantes para quatro refinarias: Landulpho Alves (RLAM), na Bahia, Refinaria Isaac Sabbá (Reman), no Amazonas, Lubrificantes e Derivados de Petróleo do Nordeste (Lubnor), no Ceará, e Unidade de Industrialização do Xisto (SIX), no Paraná. O recebimento de propostas para as refinarias Abreu e Lima (RNEST), em Pernambuco, e Gabriel Passos (Regap), em Minas Gerais, está previsto para ocorrer no primeiro trimestre de 2021, período em que a venda da Refap deve ser assinada.
Por nota, a estatal informou que só vai divulgar ao mercado “as seguintes etapas do processo: teaser, início da fase não vinculante, início da fase vinculante, celebração de acordo de exclusividade (quando aplicável), signing e closing”.