A lentidão no processo de remoção das famílias que vivem às margens da nova Ponte do Guaíba, nas vilas Areia e Tio Zeca, em Porto Alegre, motivou protestos de moradores às vésperas da inauguração parcial da estrutura. Pelo menos 50 pessoas estiveram no local, nas primeiras horas da manhã desta quinta-feira (10), reivindicando moradias mais dignas.
Além da falta de estrutura na região, que é uma das mais carentes da Capital, as pessoas têm sofrido com o impacto das obras no dia-a-dia. “É horrível. Os armários de casa estão caindo aos pedaços por causa disso. Meu filho perdeu um tablet por causa dessa função de pilar batendo”, lamenta Daiane Neres, que é auxiliar de limpeza e mora na Vila Areia há sete anos.
As famílias criticaram a realização do evento de inauguração, que conta com a presença do presidente da República, Jair Bolsonaro. A expectativa dos moradores era de que, antes da liberação do tráfego na ponte, fosse feita uma audiência de conciliação entre a população e o Departamento Nacional de Infraestrutura e Transporte (Dnit).
“Vão inaugurar meia obra. E nós? Até quando? Todos queremos sair da vila, ter uma moradia melhor. Não tem condições de viver desse jeito. Não temos nem uma água digna para tomar”, reclama Daiane.
Futuro
O reassentamento das vilas Areia e Tio Zeca deve acontecer no ano que vem, possibilitando a entrega do restante da nova ponte. Como o processo não andou nos últimos seis anos, quatro dos sete eixos projetados no empreendimento não serão liberados após a inauguração.
A estrutura já custou R$ 749 milhões aos cofres públicos. A expectativa é de que mais R$ 71 milhões sejam investidos até a conclusão – incluindo nesse valor o montante referente à indenizações das famílias que serão removidos.