A Polícia Civil abriu inquérito sobre a morte da líder comunitária e servidora municipal Jane Beatriz da Silva Nunes, de 60 anos, ocorrida na tarde dessa terça-feira durante uma ação da Brigada Militar na vila Cruzeiro do Sul, em Porto Alegre. Em entrevista ao Correio do Povo na manhã desta quarta-feira, o titular da 6ª Delegacia de Polícia de Homicídios e Proteção à Pessoa), delegado Newton Martins de Souza, declarou que a informação do Instituto-Geral de Perícias, apontando que a vítima teve “rompimento espontâneo de um aneurisma cerebral”, é “de fato um indicativo de que não teve dolo da Brigada Militar no sentido de matar uma pessoa”.
Para o titular da 6ª DPHPP, o que se apurou até o momento não permite “atribuir um homicídio a um soldado da Brigada Militar”. Na opinião dele, o homicídio como hipótese “começa a se enfraquecer com a notícia do IGP”.
O delegado assegurou ainda que vão ser examinadas todas as circunstâncias do fato. De acordo com ele, o aneurisma é uma causa pré-existente e a morte, em tese, pode acontecer a qualquer momento. Souza pondera, contudo, haver o relato de que quando Jane chegou à casa em que vivia, os PMs já haviam entrado no imóvel.
Um dos policiais não permitiu a entrada dela durante a diligência. “Ela disse que queria entrar e foi avançando na porta de entrada, mas o brigadiano a conteve. A testemunha disse que ela escorregou e caiu, sem falar nada, sem gemido e nem nada”, detalhou. “Ela teve um ‘galo’ [hematoma] na cabeça, mas não teve sangue”, acrescentou.
O delegado explica que o laudo do IGP vai ser acrescido aos demais documentos no inquérito. Testemunhas e policiais militares envolvidos na ação da BM vão prestar depoimento.
Conforme a informação divulgada pelo IGP, não “foi localizado no corpo nenhum sinal de trauma que justificasse o óbito”. Para a instituição, “a causa da morte, portanto, é clínica”. A necropsia coube a um perito médico-legista com especialização em neurocirurgia. O órgão dá sequência nos trâmites de praxe para a emissão do laudo oficial e entrega à Polícia Civil.
Já a Brigada Militar, que instaurou um Inquérito Policial Militar (IPM) para apurar o caso, emitiu mais uma nota oficial na manhã desta quarta. “A Brigada esclarece que os fatos estão sob apuração de IPM instaurado pelo Cmt do 1º BPChq. A informação conhecida é de que uma Patrulha recebeu denúncia de que ocorriam maus tratos a crianças na residência. Foi verificada a situação, mas sem evidências do denunciado. Uma moradora sofreu um mal súbito e foi socorrida pelos Policiais Militares até o Posto de Saúde da Cruzeiro, tendo como causa da morte o rompimento espontâneo de um aneurisma cerebral, conforme laudo do IGP”, postou a BM.