Prefeitos do PSDB devem governar cerca de 17% dos eleitores do País a partir de 2021. O partido se manteve no primeiro lugar nesse ranking, mas perdeu poder desde a eleição anterior, quando a fatia do eleitorado chegou a 24%. Os tucanos também encolheram no número de prefeitos eleitos: de 805, há quatro anos, para 533, agora. Mas mantiveram São Paulo, a prefeitura mais importante do País em população, orçamento e projeção política. As estatísticas foram publicadas pelo jornal O Estado de S.Paulo.
Em número de prefeitos vitoriosos, o MDB (antigo PMDB) ficou em primeiro lugar, com 803. Mas o partido segue em declínio, se o atual resultado for comparado com os de disputas anteriores. Em 2008, 2012 e 2016, a legenda ganhou em 1.204, 1.038 e 1.048 cidades, respectivamente. No mesmo período, a cota de eleitores governados de 22%, 16% e 15%. Agora, caiu novamente, para 13%. Apesar do recuo, o MDB conseguiu eleger prefeitos em cinco capitais: Porto Alegre, Goiânia, Boa Vista, Cuiabá e Teresina.
Fatia mantida
O PT, principal rival dos tucanos até recentemente, encolheu no número de prefeitos eleitos, mas conquistou cidades maiores e, com isso, manteve a parcela de eleitores que vai governar: 3%, o mesmo resultado obtido em 2016.
Petistas conquistaram quatro das cidades que fazem parte do “clube do segundo turno” – com mais de 200 mil eleitores. Mas, hoje, foram derrotados em Vitória e Recife. Com isso, não governarão nenhuma capital.
É a segunda eleição municipal consecutiva em que petistas apresentam fraco desempenho. Em 2012, o partido chegou a ficar em primeiro lugar no ranking de eleitorado governado por prefeituras, com pouco mais de 19%. Na eleição seguinte, a primeira após o impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT), a fatia do eleitorado governado por petistas teve uma redução de quase 85%.
Conquistas
Três partidos de centro-direita tiveram avanços no tabuleiro político municipal: DEM, PSD e PP. Juntos, eles vão governar quase um terço dos eleitores brasileiros (32%). Em 2016, as prefeituras conquistadas pelos três englobaram apenas 17% do eleitorado.
O maior crescimento é registrado no DEM, partido que já se chamou PFL e originário da Arena, que sustentou o regime militar. Em 2016, o DEM elegeu 277 prefeitos e, agora, saltou para 476. Em número de eleitores nos municípios governados, passou de 5,5% para quase 12%.
No mapa das capitais, o DEM venceu no Rio de Janeiro e em Salvador e ainda reelegeu prefeitos nas capitais Curitiba e Florianópolis. Já PP e PSD ganharam em Belo Horizonte, Campo Grande, João Pessoa e Rio Branco.
Finalista do segundo turno em São Paulo, o PSol elegeu apenas cinco prefeitos neste ano, entre eles o de Belém. No total, o partido vai governar 0,7% dos eleitores do país.
O PSL, partido pelo qual o presidente Jair Bolsonaro se elegeu, e que conquistou a segunda maior bancada na Câmara dos Deputados em 2018, teve crescimento modesto nessa eleição. De 30 prefeitos em 2016, passou para 92 agora. A fatia conquistada no eleitorado nacional, porém, é de apenas 1,3%.
Para o cientista político Cláudio Couto, professor da FGV-SP, o bloco dos ganhadores nesta eleição é formado pelos “partidos de adesão”, que compõem o chamado centrão, e o DEM, que ampliou em cerca de 70% o número de prefeituras.
Já a fila dos maiores perdedores é puxada pelo presidente da República. “Bolsonaro não teve partido para disputar a eleição e perdeu a oportunidade de fortalecer uma estrutura”, afirmou. “O centrão ninguém compra, só aluga. Não dá para imaginar que esses partidos darão a vida pelo governo”, avaliou.
Para Couto, a esquerda também sofreu nestas eleições, principalmente o PT. “Ela diminuiu ainda mais do que em 2016, quando já tinha tomado um grande tombo. O PT foi praticamente expulso dos grandes centros, com exceção de algumas cidades. E ainda comprou brigas que podem ser caras no futuro, como contra o PSB, em Recife”.
O cientista político da USP José Álvaro Moisés também aponta Bolsonaro como o principal derrotado nas eleições. Mas ressalvou que um dos principais adversários dele – o governador de São Paulo, João Doria – também não saiu tão vitorioso assim com a reeleição de Bruno Covas na capital paulista. O prefeito adotou postura de distanciamento em relação ao colega de partido ao longo da campanha.
Moisés destaca ainda que a esquerda tradicional, representada pelo PT, não conseguiu se recuperar. “Para além disso, temos a emergência de uma nova esquerda, mais jovem e vigorosa e com um posicionamento diferente”, lembra ele, citando disputas de PSol, PSB e PCdoB nas capitais. “O grande desafio é se ela vai ser capaz de dialogar e compor uma frente com o setor moderado para derrotar Bolsonaro em 2022.”