Nível do Guaíba é o menor desde março devido à estiagem no RS

Falta de chuvas afeta principalmente os afluentes do lago

Foto: Mauro Schaefer/CP

A falta de chuva que atinge o Rio Grande do Sul, há cerca de dois meses, já coloca o lago Guaíba em um nível atípico para a época, segundo o chefe da Divisão de Hidrovias da Portos RS, Reinaldo Gambim. Nesta quarta-feira, a régua instalada no Cais Mauá, apontou, às 13h15min, nível de 0,23 metro. É o menor já registrado desde o mês de março, quando a marca chegou a 0,22 metro. O nível mais baixo do ano, de 0,10 metro, havia sido observado em 14 de fevereiro, quando a estiagem do verão passado atingiu o ápice.

A tendência, segundo o engenheiro hidráulico da Sala de Situação da Secretaria Estadual de Meio Ambiente, Lucas Giacomelli, é que água siga escassa nos mananciais gaúchos. A falta de chuvas afeta principalmente os afluentes do Guaíba, o que vem contribuindo majoritariamente para a redução da lâmina d’água. O nível do rio dos Sinos, por exemplo, marcou hoje 0,44 metro em São Leopoldo, o mais baixo nos últimos 30 dias. Em Alvorada, o rio Gravataí desceu cerca de 80 centímetros desde 28 de outubro, chegando a 1,37 metro. O rio Caí, na régua de Montenegro, hoje atingiu 0,33 metro, a marca mais baixa das últimas semanas.

“Os rios Taquari e Jacuí também não estão muito diferentes. Todos estão em níveis mínimos”, explica Giacomelli. Mas o engenheiro pontua também que a ação do vento acaba impactando bastante na vazão do Guaíba. “O vento Nordeste, como os dos últimos dias, facilita o escoamento das águas para a Lagoa dos Patos e, da lagoa, para o Oceano Atlântico. Por isso deu esta boa diminuída, principalmente hoje”, justifica o especialista.

No dia 13, conforme reportagem publicada pelo Correio do Povo, o nível era de 0,72 metro, sendo que o considerado normal é de 1,2 metro. Naquela ocasião já era possível observar a formação de bancos de areia em alguns pontos do lago, principalmente em frente à ilha do Chico Inglês, próximo à região da Estação Rodoviária.

No dia 17, as águas subiram e atingiram a marca de 0,98 metro. Mas depois caíram 75 centímetros até atingir a marca desta quarta-feira.

A Portos RS, que administra a infraestrutura hidroviária e portuária do Rio Grande do Sul, vai seguir observando o quadro com apreensão. O canal de navegação entre Rio Grande/Pelotas e Porto Alegre comporta embarcações com até 5,18 metro de calado. Mesmo a estiagem do começo do ano não comprometeu a navegação. Mas segundo o chefe de hidrovias, o canal não pode atingir a marca zero, ficando praticamente no mesmo nível do mar.

“Os níveis atuais são preocupantes. No momento em que a gente atinge a cota de projeto, a gente atinge nossa cota de segurança. Caso essa cota baixe a níveis históricos, vai ser algo raro. Não passamos mais que cinco vezes por esta situação desde o início dos registros em 1941”, relata Gambim.

“A tendência é que prossiga (a estiagem) até uma boa parte do verão. Com o verão é típico que boa parte do que chove se evapore rapidamente também. E quando se vem de uma outra estiagem, é ainda pior”, avalia. Mas mesmo com a continuidade da estiagem, o engenheiro prevê que Porto Alegre não fique sem água, mas adverte para a qualidade do que for captado. Consultado, o Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae), assegura que a situação está sob controle.

“Sobre o nível do Guaíba, o Dmae informa que até o momento não há impacto em suas captações, e que a qualidade da água tratada está dentro dos padrões estabelecidos pelo Ministério da Saúde e Secretaria da Saúde do Estado”, informou o órgão, em comunicado. O Correio do Povo também procurou a Corsan para comentar a situação na bacia do Gravataí e do Sinos, mas até o fechamento não teve resposta.

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