A candidata à prefeitura de Porto Alegre, Manuela D’Ávila (PCdoB), falou ao Esfera Pública desta quarta-feira sobre as prioridades de governo, caso seja eleita neste domingo. “Estou muito feliz por ter oportunidade de estar no segundo turno e ter esses dias a mais para falar com Porto Alegre sobre aquilo que nós representamos, sobre como é possível construir um caminho que derrote a velha política e enfrente a cidade abandonada”, disse Manuela.
Em segundo lugar na disputa no primeiro turno, Manuela conquistou 187.262 eleitores (29%), enquanto o oponente, Sebastião Melo (MDB), somou 200.280 (31,01%). Melo concedeu entrevista à Rádio Guaíba nos mesmos moldes, na última semana.
Entre as prioridades de Manuela, está a garantia de que “Porto Alegre não feche”. Ela explicou que, para isso, é preciso pensar em uma gestão própria da vacina contra o coronavírus. “Meu adversário não fala sobre isso porque significa, necessária e lamentavelmente, enfrentar (o presidente Jair) Bolsonaro, que nega a existência de uma pandemia, como nós temos visto, e que não tem feito nenhuma gestão ordenada na vacina no país”, defendeu, citando ainda ser necessário estabelecer política de testagem dirigida para evitar a ampliação do contágio nas comunidades.
Manuela também defendeu a implantação de microcrédito e compras públicas governamentais a fim de garantir trabalho e renda para os moradores da capital. “Queremos que as compras da prefeitura tenham um percentual dirigido para micro e pequenas empresas. E que a gente cumpra a legislação que diz que 30% da compra de alimentos seja da agricultura familiar”, acrescentou.
A candidata ainda falou sobre a necessidade de reconstrução de vínculos das crianças com a rede publica de educação, a retomada do ano letivo estabelecendo estratégias com os pais e professores e a criação da renda básica de proteção da infância, a fim de enfrentar o trabalho infantil e diminuir a evasão escolar. Ela também declarou que vai trabalhar para combater a fome. “Até que consigamos garantir emprego e renda para todo mundo, não podemos ter crianças trabalhando e adultos passando fome”, expôs.
IPTU
Sobre o reajuste do IPTU, que se tornou alvo de debate entre os candidatos, Manuela defendeu que o imposto seja cobrado de maneira progressiva e que o atual prefeito, Nelson Marchezan Jr., suspenda o aumento do IPTU comercial e de serviços no ano que vem. “O que vai ser depois de 2021 nós vamos ver quando assumirmos o governo”, disse. Ela falou ainda sobre a intenção de debater o assunto com os moradores, a partir da criação de um conselho de desenvolvimento da cidade.
Transporte coletivo
Segundo Manuela D’Ávila, as propostas para o transporte público dizem respeito à retomada da gestão pública a partir da câmara de compensação tarifária e que a Carris se mantenha pública. “A Carris é uma empresa que garante que os mais pobres tenham acesso. Na crise do transporte coletivo, quem assumiu as linhas que as empresas abandonaram foi a Carris. E quando nós tínhamos o transporte de mais qualidade do Brasil, nós tínhamos porque a Carris balizava a qualidade do sistema”, relatou a candidata, que defendeu a criação de um fundo municipal de mobilidade, com origem de recursos na arrecadação de parte do IPVA e da integralidade de multas do estacionamento pago em Porto Alegre.
Saúde
A candidata do PCdoB também defendeu a rearticulação dos trabalhadores do Imesf, em processo de extinção, através de uma empresa pública. Ela disse que entende que não há possibilidade de revisão de contratos em meio à pandemia de coronavírus, como os firmados com os hospitais Vila Nova e Santa Casa. “Nossa proposta é a existência das duas figuras. O Imesf e os contratos, para que enfrentem juntos, a partir das unidades básicas de saúde, a disseminação do coronavírus”, finalizou.