Protesto contra morte em hipermercado termina após confronto entre manifestantes e BM

Ato reuniu centenas de pessoas em frente ao Carrefour da Plínio Brasil Milano, nesta sexta-feira

Foto: Mauro Schefer/CP

Protestos em várias cidades do país marcaram o Dia da Consciência Negra em razão da morte do soldador João Alberto Silveira Freitas, de 40 anos, espancado por dois seguranças em uma loja do Carrefour, na zona Norte de Porto Alegre, na noite dessa quinta-feira. Desde o começo da manhã desta sexta, centenas de pessoas foram até o local pedir por justiça e exigir punição pelo assassinato.

O ato se manteve pacífico durante a maioria do tempo. No fim da noite, contudo, manifestantes e a Brigada Militar entraram em confronto quando uma parte conseguiu invadir o supermercado, queimou cartazes e pichou as paredes com dizeres como “O racismo é o vírus”. Policiais interviram para controlar a situação, mas só conseguiram dispersaram o grupo perto das 21h. Não há informação sobre feridos, mas os manifestantes depredaram grades, placas e a fachada do hipermercado.

A invasão ao estacionamento se deu às 19h15min, quando o confronto com os policias se iniciou. A Brigada Militar tentou dispersar a movimentação usando bombas de gás lacrimogêneo. Do subsolo, os manifestantes revidaram com o uso de foguetes em um confronto que durou mais de uma hora.

Em uma das tentativas, o Batalhão de Choque da BM conseguiu direcionar parte do grupo para outro ponto da avenida provocando correria entre os ativistas, já em meio à dispersão. Enquanto o conflito ocorria, ativistas colocaram fogo em cartazes do lado de fora do hipermercado.

Uma cruz ficou em frente ao totem de uma das entradas do estacionamento. O Carrefour ficou fechado ao longo de toda a sesta sexta-feira.

IGP-RS aponta asfixia como causa mais provável da morte
O Instituto-Geral de Perícias do Rio Grande do Sul (IGP-RS) divulgou, nesta sexta-feira, que as análises iniciais do corpo de João Alberto apontaram para asfixia como “causa mortis mais provável”. O laudo definitivo, que sai nos próximos dias, pode corroborar ou não essa versão.

Os dois seguranças envolvidos no episódios tiveram prisão preventiva decretada nesta sexta-feira. Eles haviam sido detidos em flagrante. O juiz plantonista do Foro Central de Porto Alegre, Cristiano Vilhalva Flores destacou a brutalidade do crime, na decisão.

O caso é investigado pela Polícia Civil. O Carrefour emitiu nota esclarecendo ter rompido o vínculo com a empresa de segurança.

Manifestação ocorrem em diversos locais do país
Outras manifestações de repúdio ao episódio e às práticas de discriminação racial foram registadas no país, como em São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Uma das unidades do Carrefour em São Paulo chegou a ser depredada e invadida durante protesto na noite de hoje. O supermercado situado na avenida Paulista teve a fachada totalmente desfigurada e parte da estrutura interna queimada em um incêndio contido rapidamente.