Negros são 79,1% das vítimas de intervenções policiais com morte, de acordo com o infográfico sobre “Violência e Desigualdade Racial no Brasil”, elaborado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública e divulgado nesta sexta-feira, data que marca o Dia da Consciência Negra.
Os números dizem respeito às mortes ocorridas no ano de 2019 em todo o país. Neste período, 35.543 pessoas pretas foram mortas, o equivalente ao Estádio do Pacaembu (SP) quase na capacidade total de ocupação.
Mais da metade da população brasileira é de pessoas autodeclaradas negras (56,7%) e esse número pode ser ainda maior considerando quem não se declara. Mas, ainda assim, o grupo tido como “minoria social” é mais vulnerável às violências com morte.
Na noite desta quinta-feira, João Alberto Silveira Freitas, homem negro de 40 anos, foi espancando e morto por dois homens em uma unidade da rede de supermercados Carrefour em Porto Alegre. Os agressores foram um segurança e um PM temporário.
O fato não é isolado. Outro exemplo foi o que aconteceu em uma unidade do supermercado Extra, do Grupo Pão de Açúcar, no Rio de Janeiro (RJ), em fevereiro do ano passado. Pedro Gonzaga, um jovem negro de 19 anos, foi imobilizado e morto por um segurança.
Quando o recorte de gênero é feito, a desigualdade fica ainda mais evidente. Das mulheres vítimas de feminicídio em 2019, 66,6% são negras, conforme o infográfico. Entre as pessoas negras, são 2,7 maiores as chances de morrerem vítimas de homicídio.
No momento do parto, a realidade não muda. São negras seis em cada dez vítimas de mortalidade materna. Segundo dados do Ministério da Saúde, somente 27% das mulheres negras tiveram acompanhamento durante o parto, enquanto entre as não negras esse número é de 46%.
Mulheres negras são mais assassinadas, reforça o diagnóstico. Nos últimos dez anos, a taxa de homicídio entre negras aumentou 12,4% enquanto que a de mulheres não negras caiu 11,7%.
