“Eu acredito que ali tenha um pouco de racismo”, lamenta pai de homem morto em hipermercado

João Batista, de 65 anos, estava em um culto evangélico quando recebeu a notícia da morte do filho

Foto: Alina Souza/Correio do Povo

João Batista, de 65 anos, passou a manhã desta sexta-feira (20) em frente à sede do Departamento Médico-Legal (DML) de Porto Alegre. O homem, aposentado, aguardava a liberação do corpo do filho, João Alberto Silveira Freitas, assassinado aos 40 anos no estacionamento de uma unidade do Hipermercado Carrefour, na Zona Norte da Capital.

A dor da perda se misturou com a revolta pela forma com que a morte aconteceu. “O vídeo mostrava muita fúria daqueles homens, né? Para baterem em um só. Eu acredito que ali tenha um sentimento de raiva. E um pouco de racismo também. E se for mesmo racismo, dói ainda mais. Três vezes mais”, lamentou o pai da vítima.

O episódio pôs a fim aos planos da família. “Ele era caminhoneiro, parava pouco com a família. Agora, nós queríamos comprar um utilitário para trabalhar na Ceasa. Essa foi a última conversa que nós tivemos. Queríamos trabalhar lá porque está muito difícil de arrumar emprego. E assim iríamos tocar a nossa vida”, disse Batista.

“Jamais imaginei que iriam enterrar o meu filho antes de mim”

João Batista estava em um culto evangélico quando recebeu a ligação da nora informando que o filho estava sendo preso. Ele se deslocou imediatamente à sede do Carrefour, no bairro Passo D’Areia, acompanhado de um amigo. Quando chegou lá, se deparou com duas ambulâncias e passou a desconfiar que algo estava errado.

João Alberto Silveira Freitas vivia em uma casa próxima a do pai, e o visitava com frequência. “Eu já estou com 65 anos e jamais imaginei que iriam enterrar o meu filho antes de mim. Me trás uma mágoa muito grande. Se fosse uma morte natural, até… sei lá. Talvez a dor fosse menor. Mas não dessa forma”, afirmou.

Polícia investiga o caso

A Polícia Civil investiga a sequência de fatos que antecederam o espancamento, que culminou na morte da vítima. Dois envolvidos no caso já foram presos em flagrante, e serão autuados pelo crime de homicídio qualificado. Um deles, egresso das Forças Armadas, atuava como policial militar temporário.

Os vídeos que circulam nas redes sociais mostram, ainda, a participação de um terceiro homem – ainda não identificado – nas agressões. O caso, registrado poucas horas antes do Dia da Consciência Negra, provocou a comoção da sociedade e dos governantes, que garantiram o rigor das investigações.

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