Veja o que disseram os candidatos que vão para o 2º turno em Porto Alegre

Sebastião Melo e Manuela D'Ávila defenderam debate de ideias em um "pacto" em torno de campanha "sem baixarias' até 29 de novembro

Foto: Montagem sobre fotos de Guilherme Almeida e Ricardo Giusti/CP

Classificados para o segundo turno em Porto Alegre, Sebastião Melo (MDB) e Manuela D’Ávila (PCdoB) se manifestaram, no fim da noite desse domingo.

Apoiadores de Melo comemoraram em um hotel da região central da cidade. O emedebista havia marcado entrevista coletiva para as 19h, que acabou sendo adiada em quase quatro horas devido à demora na apuração. Somente por volta de 23h30min o candidato se pronunciou, agradecendo eleitores e representantes dos partidos que compõem a coligação, além do ex-prefeito José Fortunati (PTB), que lhe declarou apoio após renunciar à candidatura. Ainda afirmou que recebeu ligações dos candidatos Gustavo Paim (PP) e Valter Nagelstein (PSD), que não passaram ao segundo turno.

Manuela também adiou as manifestações, em função do atraso na apuração, e não chegou a encontrar apoiadores, como previsto inicialmente. Um grupo chegou a se reunir no Largo Zumbi dos Palmares, mas acabou se dispersando em razão da chuva forte que atingiu a cidade, no início da noite. Na busca por eleitores no segundo turno, Manuela disse, perto das 22h30min, que vai procurar negociar o apoio de Juliana Brizola (PDT) e Fernanda Melchionna (PSol), do PSB, da Rede e do PV. A candidata também elogiou a renovação na Câmara de Vereadores, que chega a 47,2%.

Veja um resumo das declarações de cada um deles:

SEBASTIÃO MELO (MDB):

Projetos distintos

“Neste segundo turno o que vai estar em disputa são dois projetos distintos para a cidade. Como nos apresentamos para melhorar a vida das pessoas? Para melhorar o transporte? Para melhorar problemas específicos de cada local? Nós queremos comparar o que cada candidato tem a apresentar”.

Campo das ideias

“Nós vamos fazer uma campanha de alto nível, conosco não teremos baixarias. Queremos ganhar a eleição no campo das ideias. O eleitor merece respeito, o eleitor quer saber o que fazer e como fazer. E é isso que vamos discutir na cidade”.

Abstenção

“No segundo turno, a gente tem expectativa de acolher esse eleitor, que certamente não se sentiu atraído por nenhum dos projetos. Vamos trabalhar muito para isso. No primeiro turno, o voto é no candidato do coração e no segundo turno, ele vota em quem se aproxima mais do que ele imagina para a cidade”.

Outras declarações

Melo falou ainda que o segundo turno vai ser uma nova disputa, em que os candidatos terão tempo igual para apresentar o que propõem. “Vamos ver quem tem experiência para erguer essa cidade em momento de crise”, comentou, citando as divergências com Manuela D’Ávila (PCdoB). “Temos clareza que o serviço público pode ser prestado pelo público ou não, desde que ele seja serviço público, e aqui começam as diferenças”, afirmou.

Melo também reassumiu o compromisso com o desenvolvimento econômico, garantindo que, se eleito, não vai aumentar impostos, vai cancelar todos os aumentos de IPTU e reabrir a atividade econômica. “Vamos reabrir essa cidade, porque se a roda da economia não girar, não tem dinheiro para creche, não tem dinheiro para tapar buraco, não tem dinheiro para acolher moradores em situação de rua”, destacou.

MANUELA D’ÁVILA (PCdoB):

Pacto

“O segundo turno será um momento de debate sobre a cidade e seus problemas. O que queremos propor é que o nível do debate se eleve, para que não sejamos uma cidade que as pessoas optam por não votar. Queremos debater projetos, programas e assim fazer mais pessoas participarem das eleições (…) Estamos propondo um pacto com o candidato Sebastião Melo: Debateremos a cidade e seu problema e a cidade terá o poder de definir. Qual visão que temos sobre o transporte, sobre o Dmae, sobre a falta de vaga nas creches. É isso que devemos debater. Para que a partir disso, a cidade faça a escolha soberana, o voto na urna”.

Abstenção

“A maior escolha dos porto-alegrenses foi não votar. Mais de 45% da população decidiu não comparecer as urnas, ou não escolher nenhum dos projetos, e a gente acredita que esse também é um debate para o segundo turno. Se de um lado, vamos debater se a cidade quer um caminho novo ou um caminho antigo de um passado mais recente, o outro é entender a razão das pessoas não terem ido votar para prefeito em uma cidade com tantos problemas. Porto Alegre nos deus dois recados, que quer ouvir mais nossas candidaturas e que não se encantou pelo que foi apresentado no primeiro turno”.

Outras declarações

Na busca por eleitores no segundo turno, Manuela vai procurar negociar o apoio de Juliana Brizola (PDT) e Fernanda Melchionna (PSol), do PSB, da Rede e do PV. “Imediatamente vou procurar as candidatas Fernanda, Juliana, os partidos, as coligações e principalmente vou conversar com as pessoas da cidade. A gente teve uma grande renovação na Câmara e isso é preciso ser valorizado”.

Resultado oficial

Sebastião Melo (MDB) 31,01% / 200.080 votos
Manuela D’Ávila (PCdoB) 29,00% / 187.262 votos
Nelson Marchezan Jr. (PSDB) 21,07% / 136.063 votos
Juliana Brizola (PDT) 6,41% / 41.407 votos
Fernanda Melchionna (PSol) 4,34% / 27.994 votos
Valter Nagesltein (PSD) 3,10% / 20.033 votos
João Derly (Republicanos) 2,94% / 19.004 votos
Gustavo Paim (PP) 1,24% / 7.989 votos
Rodrigo Maroni (PROS) 0,51% / 3.314 votos
Montserrat Martins (PV) 0,22% / 1.415 votos
Júlio Flores (PSTU) 0,13% / 852 votos
Luiz Delvair (PCO)* 0,02% / 142 votos

*sub júdice

Brancos 5,06% / 36.678 votos
Nulos 5,81% / 42.076 votos
Abstenções 33,08% / 358.217 votos

Total 724.509 votos
Votos válidos 645.613 votos

Melo volta a disputar o segundo turno
Goiano de Piracanjuba, mas radicado na capital gaúcha desde a década 1970, Melo construiu carreira política em Porto Alegre. O emedebista ocupou mandato de vereador por três mandatos na Câmara de Porto Alegre, entre 2000 e 2012. Ele chegou a presidir o Legislativo municipal em 2007.

O hoje candidato do MDB deixou a Câmara rumo ao Executivo em 2012, quando elegeu-se vice-prefeito, na chapa de Fortunati. Por conta da experiência, o papel principal que tinha era a interlocução com a Câmara. Chegou a assumir a prefeitura em alguns momentos, como no rescaldo do temporal de janeiro de 2016. Foi escolhido para tentar dar seguimento à gestão, concorrendo em 2016. Na ocasião, o salto nas intenções de voto o colocou no segundo turno, quando acabou superado por Marchezan. Dois anos mais tarde, elegeu-se deputado estadual.

Manuela na terceira disputa
Ex-vereadora, deputada federal por dois mandatos e ex-deputada estadual, Manuela D’Ávila chega ao segundo turno em Porto Alegre pela primeira vez, na terceira disputa pelo Paço Municipal. Em 2008, ela havia terminado na terceira colocação. Quatro anos mais tarde, quando já era deputada federal, despontou como favorita no início da campanha, mas acabou superada por José Fortunati, eleito ainda no primeiro turno.

Manuela se elegeu a vereadora mais jovem de Porto Alegre, aos 23 anos. Dois anos mais tarde, elegeu-se deputada federal pela primeira vez, renovando o mandato no pleito seguinte. Em ambas disputas, tornou-se a deputada federal mais votada do Rio Grande do Sul. Em 2014, optou por concorrer a uma vaga na Assembleia Legislativa e chegou lá, novamente, com a maior votação na disputa. Em 2018, concorreu como vice na chapa encabeçada por Fernando Haddad (PT), que ficou em segundo lugar.