As ervas medicinais da Dona Bugra

"Este jornal vai ser feito para toda a massa, não para determinados indivíduos de uma facção". Foto: Arquivo CP

O amigo Ricardo Reishac-Agente Especial de Estação- tem uma ponchada de causos ferroviários mui buenos. Colhi este que me remete às lembranças do meu tempo de guria na minha terra natal:

Lá pela década de 1960, e início dos anos setenta, a DONA BUGRA, uma senhora já na casa dos oitenta anos, era figura assídua na gare da Estação de Bagé/RS,nos dias de trens de passageiros….

Com seu balaio recheado de ervas campeiras, soltava o vozeirão ressaltando os benefícios desta farmácia caseira: – Pros males do coração, Mamica de Cadela… Pra catarro e bronquite, Folha de Cambará… Pra colite, chá forte de Três Quinas….

E assim a Dona Bugra propagandeava seu arsenal curandeiro, ensinando, também, receitas de chás, xaropes, poções, ungüentos e emplastros….Eram anos de experiência na vida do campo, atendendo a todos que a procuravam para tratar seus males físicos….

– Pra coqueluche, Leite de Égua…Pros males do churrio, Casca de Romã… Pros ataques do fígado, Raiz de Fedegoso… Pras dores no corpo, Açoita Cavalo, Quácia ou Sete Sangria…. Pros males do rim e pra afrouxar a mijadeira, Quebra Pedra, Erva-de-touro e Santa Fé….

E o povaréu se atracava no “ervariu”, que custava pouco mais que nada, mas muito menos que os remédios tradicionais adquiridos nas farmácias…. É por demais conhecida a farmácia campesina…Ora grosseira, ora fina, ora rude, é coisa mui nossa, e há quem diga que faz mossa nos tratos da medicina….

E lá se ia a Dona Bugra, faceira uma barbaridade com o balaio vazio….Se ia lá pros lados da Praça Silveira Martins, e só era vista novamente em dia de trem de passageiros…. Quando os trilhos deixaram o centro da cidade na década de 1970, e a Estação foi transferida para a Vila de Santa Thereza, a velha senhora deixou de frequentar a gare….

Foi vista algumas vezes pela Praça Silveira Martins, anunciando seus produtos….Um certo dia, lá pelo início da década de 1990, correu a notícia de que havia falecido…. Os dias de trens de passageiros na Rainha da Fronteira, nunca mais foram os mesmos sem aquele vozeirão: – Pra tosse braba, Mel de Irapuá… Pra machucadura e coice de cavalo, coisa boa é Esterco Fresco…. Pra mordedura de cobra, tome logo Querosene, e se não tiver, providencie a Pluméria….

Se existe um mal, vivente, para ele existe cura….Basta para tanto, que lembres dos ensinamentos da Dona Bugra….Coisas e histórias da ferrovia no Estado do RS…. Eita!

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