“Governo vai comprar vacina desenvolvida na China”, declara Mourão a revista

Vice-presidente destacou ainda que "não está tudo bem" na Amazônia, mas negou que governo esteja de braços cruzados sobre o assunto

Foto: Marcos Corrêa / PR

O vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB) afirmou, em entrevista à revista Veja publicada nesta sexta-feira, que a polêmica em torno da vacina contra Covid-19 desenvolvida pela farmacêutica chinesa Sinovac em parceria com o Instituto Butantan é “briga política” com o governador de São Paulo, João Doria (PSDB).

Segundo Mourão, “é lógico que o governo federal vai comprar doses do imunizante”. “Já colocamos os recursos no Butantan para produzir essa vacina. O governo não vai fugir disso aí”, completou.

A fala de Mourão à Veja difere do posicionamento de Jair Bolsonaro sobre o assunto. Em diversas ocasiões, o presidente já disse que não vai comprar a vacina. Ele chegou a desautorizar um acordo feito pelo Ministério da Saúde de intenção de compra de 46 milhões de doses da Coronavac. Além disso, Bolsonaro vem tendo embates públicos com Doria sobre a obrigatoriedade da imunização.

Amazônia e eleições
Presidente do Conselho Nacional da Amazônia Legal, Mourão disse na entrevista que “não está tudo bem” na região, mas negou que o governo federal esteja de braços cruzados diante do desmatamento e de queimadas ou “passando a boiada”, em referência à fala do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, na reunião ministerial de 22 de abril, sobre medidas infralegais para afrouxar a legislação ambiental.

Mourão defendeu que o governo federal não errou no enfrentamento das ilegalidades na Amazônia e citou reunião com embaixadores na qual disse ter argumentado que o Executivo “busca coibir que as ilegalidades avancem ou que elas extrapolem algo” admissível. Mourão organiza uma viagem com diplomatas, principalmente de países europeus, para sobrevoar algumas áreas desmatadas da região.

Diante de especulações de que Bolsonaro pode lançar outro candidato a vice para tentar a reeleição em 2022, o general da reserva alegou não estar preocupado com a próxima disputa presidencial, mas admitiu que pode tentar uma vaga no Senado.

O vice-presidente defendeu o diálogo com o “governo de turno” dos Estados Unidos, independentemente se comandado por Donald Trump ou Joe Biden a partir do ano que vem, e apontou que qualquer empresa comprometida com “soberania, privacidade e economia” pode disputar o leilão de 5G, sem excluir a participação da multinacional chinesa Huawei.

Por fim, Mourão deu o motivo de ser um dos poucos integrantes do primeiro escalão do governo federal a não contrair o novo coronavírus: “Máscara, álcool na mão, álcool para dentro”, disse.