Com interesse da Microsoft, TSE começa a estudar sistema remoto de votações após Eleições 2020

29 empresas estão interessadas no projeto, que estará em testes no pleito marcado para novembro

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Adiadas em um mês por causa da pandemia de coronavírus, as eleições municipais vão acontecer no formato tradicional em 15 de novembro. Ainda assim, as condições sanitárias enfrentadas desde março, com a necessidade de distanciamento social, devem provocar mudanças, a longo prazo, nos pleitos realizados em território brasileiro.

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) tem 29 empresas interessadas em implantar um sistema remoto, permitindo que os eleitores votem em seus celulares. Em entrevista hoje ao programa Bom Dia, da Rádio Guaíba, o ministro Luís Roberto Barroso – que ocupa a presidência do órgão – afirmou que os primeiros testes acontecem ainda neste ano.

“As companhias que se candidataram vão fazer uma eleição simulada em três cidades do país: Curitiba/PR, São Paulo/SP e Valparaíso de Goiás/GO. Depois que as propostas forem apresentadas, eu vou me reunir com os próximos presidentes do TSE – ministros Edson Fachin e Alexandre de Moraes – para discutir qual a melhor alternativa”, revela.

A americana Microsoft – que desenvolve, fabrica, licencia, apoia e vende softwares de computador – é uma das interessadas no negócio. Segundo Barroso, a implantação da nova tecnologia depende da garantia de sigilo, segurança e eficiência por parte do desenvolvedor.

Ainda conforme o presidente do TSE, a mudança não é motivada por qualquer tipo de desconfiança em relação ao formato atual, em uso desde 1996, a partir das urnas eletrônicas. A intenção é reduzir os custos das eleições, já que a reposição dos equipamentos usados nas votações exige R$ 1 bilhão a cada dois anos.

“Eu trabalho com fatos, não com crenças. Até hoje, não se comprovou nenhuma fraude no uso das urnas eletrônicas. Nem eu – e penso que ninguém em sã consciência – acha que os resultados dos últimos 24 anos não refletiram a vontade popular. A minha confiança, até aqui, é plena”, afirma Barroso.

“Até aqui, tudo está se encaminhando muito bem”

A mudança na data das Eleições 2020 foi motivada por um estudo, que apontava a redução da curva de contaminação por Covid-19 a partir de setembro. A previsão se concretizou e, junto de uma série de protocolos desenvolvidos pelo Ministério da Saúde, tem tranquilizado o Tribunal Superior Eleitoral em relação à segurança sanitária do pleito.

“Máscaras para todos os mesários, que trocarão três vezes ao longo do dia; protetores faciais; um álcool em gel para cada mesário; litros de álcool em gel para que os eleitores limpem as mãos na entrada e na saída. Se essas medidas forem seguidas, o risco de contaminação é mínimo”, considera o presidente do TSE.

Ao todo, 147,9 milhões de eleitores vão às urnas em 2020. O pleito acontece, simultaneamente, em 5.569 municípios de 26 estados brasileiros. Não participam da votação neste ano os eleitores do Distrito Federal e de Fernando de Noronha, que não têm prefeito, e os brasileiros registrados no exterior, que só podem votar em trânsito nas eleições gerais.