Retomada das aulas presenciais no Ensino Fundamental é marcada por baixa adesão em Porto Alegre

Prefeitura avalia punir servidores que aderirem à greve sanitária proposta pelo Simpa

Foto: Alina Souza/Correio do Povo

Pela primeira vez em sete meses, as escolas de Ensino Fundamental das redes municipal e privada de Porto Alegre abriram as portas aos alunos dos anos iniciais nesta segunda-feira (19). E o movimento ficou, em grande parte, restrito aos funcionários – que dedicaram a manhã à limpeza e organização dos ambientes.

A reportagem do Correio do Povo visitou quatro instituições administradas pela Prefeitura da Capital. Mesmo nos bairros mais afastados do Centro da cidade, onde há mais dificuldade no acesso à internet, os estudantes optaram por ficar em casa – transparecendo o receio do impacto da pandemia de Covid-19 no ambiente escolar.

Esse foi o caso da EMEF José Mariano Beck (foto), localizada no bairro Bom Jesus. Desde março, boa parte dos alunos vai à escola para ter acesso ao material das aulas, que é impresso pelos educadores. Ainda assim, nenhum adolescente compareceu ao local – que é favorável à retomada – nesse primeiro dia.

Prefeitura avalia punições a servidores grevistas

A Secretaria Municipal de Educação (Smed) ainda não divulgou os números referentes a essa nova etapa do calendário de flexibilização das atividades no setor – que engloba, também, a Educação Especial e o Ensino de Jovens e Adultos (EJA). Em relação à Educação Infantil, que entra na terceira semana de aulas presenciais, a avaliação é de que o movimento vem melhorando em relação aos dados registrados há quinze dias.

Além da desconfiança da população, a Prefeitura enfrenta resistências entre os servidores. O Sindicato dos Municipários de Porto Alegre (Simpa) anunciou, na semana passada, que daria início a uma greve sanitária contra o reinício do calendário presencial. A avaliação da categoria é de que as condições sanitárias encontradas nas instituições não garantem a saúde dos profissionais.

Em entrevista hoje ao programa Direto ao Ponto, da Rádio Guaíba, o secretário de Educação da Capital, Adriano Naves de Brito, revelou que avalia sanções aos grevistas – com possibilidade, inclusive, de corte no ponto dos funcionários. “A autoridade sanitária do município diz que há, sim, condições para o retorno. A pauta do sindicato não é a educação. É corporativa, eleitoral”, opina.

Após recesso, escolas particulares voltaram nesta segunda-feira

Mesmo autorizada a reiniciar as aulas presenciais há quinze dias, a maior parte da rede privada estava aguardando o fim do recesso, nesta segunda-feira, para voltar a receber os alunos. De acordo com o Sindicato do Ensino Privado do Rio Grande do Sul (Sinepe/RS), pelo menos 25 instituições reabriram as portas – com turmas de Educação Infantil e Ensino Fundamental.

“Na Serra, as escolas já estão funcionando dentro do ‘novo normal’ há um mês. Lá, todos aqueles alunos que estavam aptos a voltar para as salas de aula já retornaram. Em Porto Alegre, a adesão ainda está na casa dos 50%. É uma questão gradativa: à medida em que os pais veem que os colegas voltaram e que nada aconteceu, o aumento é natural”, afirma o presidente do Sinepe/RS, Bruno Eizerik.

Estima-se que, com a novidade, mais 82 mil pessoas devem passar a circular diariamente em Porto Alegre. O calendário divulgado pela Prefeitura da Capital prevê que, na primeira semana de novembro, as turmas dos anos finais do Ensino Fundamental e dos dois primeiros anos do Ensino Médio também possam aderir ao plano de aulas presenciais. Na rede estadual, a retomada está marcada para esta terça-feira (20).