Augusto Aras completa um ano como PGR em litígio com Lava Jato

Nos últimos 12 meses, procurador-geral da República imprimiu um estilo centralizador e um discurso de críticas ao modelo de forças-tarefa

Foto: Roberto Jayme/Ascom/TSE

O procurador-geral da República, Augusto Aras, completa nesta sábado um ano à frente do cargo em litígio com a força-tarefa da operação Lava Jato, que levou para a cadeia figuras influentes da política e da economia. Nos últimos 12 meses, ele imprimiu um estilo centralizador e um discurso de críticas ao modelo de forças-tarefa. Com isso, ganhou dos colegas do Ministério Público a pecha de linha auxiliar do presidente Jair Bolsonaro em frentes de batalhas políticas e familiares.

Numa delas, Aras se posicionou no STF (Supremo Tribunal Federal) favorável a derrubar uma ação contra o foro privilegiado do senador Flávio Bolsonaro, filho mais velho do presidente. Em outra, sinalizou, nos bastidores, que deve arquivar o inquérito que apura interferência de Bolsonaro na Polícia Federal – aberto pelo próprio procurador-geral após denúncia do ex-ministro da Justiça Sérgio Moro. O silêncio de Bolsonaro em relação à guerra entre Aras e a Lava Jato ocorre em paralelo à aproximação do presidente com o bloco dos partidos do Centrão, alvo dos lavajatistas.

Aras e Bolsonaro mantêm relação direta, sem interlocutores, afirmam auxiliares de ambos, no Ministério Público Federal e no Palácio do Planalto. Em um exemplo dessa proximidade, recentemente o presidente tentou, sem sucesso, um contato com o procurador-geral, que estava fora de Brasília. Pediu, então, ao ex-deputado federal Alberto Fraga, também amigo de Aras, para localizá-lo. Fraga diz que entrou em contato com o procurador-geral para dar a informação, mas Aras já tinha falado com Bolsonaro. No ano passado, o ex-parlamentar ajudou na aproximação entre eles. Procurado para comentar esse caso e a relação entre o presidente e Aras, o Palácio Planalto não se pronunciou.

O chefe do Ministério Público nega o episódio envolvendo Fraga e ressalta que todo diálogo com Bolsonaro e os ministros do governo é institucional. Aliados de Aras apontam haver uma “antipatia natural” da categoria porque o PGR foi nomeado pelo presidente, mesmo sem constar na lista tríplice elaborada pela associação de procuradores.

Supremo

A intenção de ser indicado para o Supremo Tribunal Federal – Bolsonaro poderá indicar um ministro ainda este ano, com a aposentadoria de Celso de Mello, e outro em 2021, após a saída de Marco Aurélio Mello – também é citada por críticos do procurador. Tanto no governo quanto no MP, Aras é visto como candidato a uma das vagas. A pessoas próximas, ele nega a intenção e já afirmou que um PGR não pode querer ser ministro do Supremo para não aviltar o cargo que ocupa.