Em live, Bolsonaro volta a defender retorno do ensino presencial

Ao lado do ministro Ricardo Salles, presidente também disse que Brasil é o país que mais preserva o meio ambiente

Foto: Jair Bolsonaro/Facebook

O presidente Jair Bolsonaro voltou defender, nesta quinta-feira, o retorno das aulas presenciais em escolas de todo o país. Ele também reafirmou que houve uma “politização” relacionada à pandemia do novo coronavírus, além de uma “pressão enorme” para manter a política de isolamento. “As aulas têm que voltar”, disse, durante live semanal no Facebook, no início da noite.

O chefe do Executivo sugeriu que pessoas abaixo de 40 anos não sofrem tanto com os efeitos da Covid-19. “A chance de pegar o vírus existe para todo mundo, mas uma quantidade, um porcentual enorme, não atinge em nada as pessoas, nem aquela gripezinha ela pega”, afirmou.

Bolsonaro afirmou que há resistência para o retorno às aulas em colégios militares. “Estamos tendo problemas em colégios militares porque tem muitos professores civis, são sindicalizados, e uma pressão enorme para o continue ficando em casa. É uma politização do vírus”, destacou.

O presidente também recomendou que pessoas com comorbidades e idade avançada tomem os devidos cuidados enquanto se espera uma vacina, mas criticou a política de isolamento.

“É o que falava lá atrás, é tomar cuidado quem tem comorbidade, esperando uma vacina e um remédio comprovado cientificamente, mas não adianta, vai acabar pegando. E ficando em casa não resolve nada porque um dia vai ter que sair da toca, sair de casa”, disse.

Em tom humorado – e reforçando posicionamento de que o contágio pelo coronavírus é inevitável, o presidente disse ao ministro Ricardo Salles, do Meio Ambiente, que ele também pode pegar a doença eventualmente. “Não vou rogar praga não, mas você vai pegar”, afirmou.

Preservação ambiental

Acompanhado de Salles, Bolsonaro afirmou ainda ter recusado ajuda financeira estrangeira para a preservação ambiental, no ano passado, por temer “perda de soberania”.

O presidente voltou a rebater críticas sobre a atuação do governo no combate à queimadas e disse que há um “jogo econômico” por trás do interesse de países e organizações internacionais quanto ao meio ambiente brasileiro.

“Tem países oferecendo alguns milhões de dólares para a gente para reflorestamento e tiveram embate comigo ano passado. Eu não aceitei isso porque a troca seria perdermos parte da soberania na região”, declarou.

Em agosto do ano passado, Bolsonaro recusou ajuda financeira de países do G-7, anunciada pelo presidente da França, Emmanuel Macron, para combater os incêndios florestais na Amazônia.

“Agora, por que esses países em vez de dar dinheiro para nós reflorestarmos, não reflorestam os seus países?”, questionou Bolsonaro. Na live desta quinta, Bolsonaro reforçou o discurso de que o Brasil “é o país que mais preserva o meio ambiente”, além de destacar a matriz de energia limpa.

“O Brasil é o país que mais preserva. Agora, por que esse ataque criminoso, essa desinformação absurda em cima do Brasil? É o jogo econômico. Nós temos commodities, o que produzimos no campo. E, obviamente, países – não quero citar nomes para não ter polêmica, mas o pessoal deve saber qual país europeu está muito interessado nisso – fazem uma campanha massiva no Brasil, nos acusando de ser terroristas ambientais”, criticou.

Salles: falta de manejo preventivo potencializou queimadas no Pantanal

Já Ricardo Salles disse, na mesma live, que a falta de manejo preventivo do fogo potencializou as queimadas registradas no Pantanal em 2020. Com mais de 150 mil quilômetros quadrados, o bioma é a maior planície alagada do planeta. Os incêndios, este ano, já destruíram mais de 3 milhões de hectares na região.

“Quando você, fora do período seco, fora do período quente, coloca fogo de propósito e de maneira controlada pra diminuir a quantidade de matéria orgânica, resto de folha, galhos, enfim, se você não faz isso durante dois anos, que é o que vem acontecendo lá, aquele material vai se acumulando e secando de tal forma que, quando pega fogo, pega fogo numa proporção que é muito difícil de controlar porque não tomou a medida preventiva no tempo correto. E, por isso, as queimadas deste ano foram muito piores do que em períodos anteriores”, explicou.

Salles também afirmou que não se deve responsabilizar os pecuaristas do Pantanal por atear fogo no bioma, e argumentou que a criação de gado na região ajuda a controlar o acúmulo de matéria orgânica. “O pantaneiro, o pecuarista lá é um colaborador. E a pecuária ajuda a diminuir a matéria orgânica porque o gado come pasto e não deixa acumular”, apontou. Mais cedo, ele esteve na cidade pantaneira de Poconé (MT) acompanhando o trabalho de brigadistas no combate às chamas.