PIB gaúcho cai 13,7% no 2º trimestre, em baixa pior que a média nacional

Estiagem e crise decorrente da pandemia de Covid-19 puxaram para baixo os resultados do PIB semestral do Rio Grande do Sul

Estiagem derrubou PIB do agronegócio e, ao lado da pandemia, impactou resultados do RS | Foto: Guilherme Almeida/CP Memória
Foto: Guilherme Almeida/CP Memória

O Governo do Estado apresentou, nesta sexta-feira, os resultados do Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre de 2020. Na comparação com os primeiros três meses do ano, a economia gaúcha sofreu uma queda de 13,7%. O baque é o maior desde o início do controle, em 2002. A redução da atividade econômica também foi maior do que a registrada em todo o Brasil. No segundo trimestre, o PIB nacional caiu 9,7%.

Na comparação dos resultados de abril, maio e junho de 2020 com o mesmo período de 2019, a queda foi ainda maior. O Rio Grande do Sul retraiu 17,1%, enquanto o Brasil recuou 11,4%. No acumulado deste ano, a redução do PIB gaúcho já chega a 10,7%, contra 5,9% do balanço nacional.

Motivos e perspectivas

O Departamento de Economia e Estatística lista, pelo menos, dois fatores que explicam os resultados negativos. O órgão aponta que a estiagem afetou os negócios da agropecuária. O pesquisador do DEE, Martinho Lazzari, também cita os impactos da crise decorrente da pandemia de Covid-19 na retração. “A principal explicação para essas taxas negativas, tanto no Rio Grande do Sul quanto no Brasil, sem dúvida, são os efeitos da pandemia”, afirmou. “A diferença do Rio Grande do Sul, que tem um desempenho inferior à média nacional, essa diferença é explicada, basicamente, pela estiagem, pelos efeitos da estiagem sobre a economia”, completou o pesquisador.

Os economistas do Governo do Estado enxergam uma possibilidade de melhora nos números do terceiro trimestre. A agricultura, que puxou a queda, deve crescer no período. O pesquisador Martinho Lazzari, entretanto, não projetou o ritmo da recuperação. “É mais pelo fato de que a gente acredita que chegou no fundo do poço. A curva vai voltar a subir agora. A gente pode ter bastante confiança nisso”, apontou. “A gente não tem condições ainda de dizer qual é o tamanho da segunda perna do ‘V'”, ilustrou em referência ao desenho da curva.

PIB por setor

Entre os segmentos que compõem o cálculo, a retração mais significativa foi da agropecuária. A produção rural rendeu -20,2% em comparação com os resultados do primeiro trimestre. As atividades da indústria caíram 15,9%. Já o setor de Serviços teve resultados 9,1% inferiores aos primeiros três meses do ano.

Na comparação com o ano passado, os piores resultados foram nas culturas de soja (-39,3%) e milho (-27,7%). A produção de arroz, por outro lado, rendeu 8,3% a mais. Na indústria, a queda se deu em todos os segmentos. Os resultados da indústria automotiva desabaram 70,2%. Já os da produção coureiro-calçadista caíram 50%. No setor de serviços, a alta da atividade dos supermercados (+5,4%) não foi suficiente para conter a queda do comércio em geral (-11,6%); da venda de tecidos, roupas e calçados (-49,3%); e da venda de veículos (-41,8%). A íntegra do estudo está disponível no site da Secretaria do Planejamento.