A aplicação em massa da vacina russa pode acontecer já no início de 2021 no Paraná, a partir de doses importadas, afirmou o diretor-presidente do Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar), Jorge Callado, em coletiva de imprensa realizada nesta sexta-feira. Já a produção em território nacional deve começar no segundo semestre do ano que vem.
De acordo com ele, o governo estadual reservou um orçamento de R$ 200 milhões para a aquisição de doses da Sputnik V, nome dado à vacina russa. Mas ainda não há uma previsão de quantas doses serão compradas da Rússia.
“Parte da produção russa tem uma reserva para ser usada no Paraná. A Rússia está focada no mercado interno, mas essa parceria já nos coloca numa posição interessante referente à prioridade de receber essas doses russas”, afirmou Callado.
No entanto, para que a previsão de aplicação dessas doses se concretize é preciso que sejam positivos os resultados da fase 3 de testes em humanos, para comprovar a eficácia e segurança da vacina. Ela é a última antes de uma possível aprovação para comercialização.
Resultados publicados na revista científica The Lancet publicados nesta sexta-feira mostraram que a vacina russa produziu anticorpos e não gerou nenhum efeito colateral grave em todos os 76 participantes dos testes das fases 1 e 2.
Callado afirmou que o Tecpar teve acesso a esses resultados 18 dias atrás e já havia feito a própria avaliação sobre os dados, mas não divulgou por conta do acordo de confidencialidade com o Instituto Gamaleia de Moscou.
A parceria também prevê a transferência de tecnologia para que o Brasil consiga produzir o imunizante com autonomia. “Já tivemos acesso às informações sobre os insumos necessários. Parte está no Brasil e parte deve ser importada”, explicou.
O protocolo para a autorização da fase 3 no Brasil deve ser submetido à Agencia Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) até o fim de setembro. O plano é que 10 mil voluntários participem dos testes. Eles serão profissionais dos hospitais universitários do governo do Paraná e pessoas do grupo de risco, como idosos, diabéticos e hipertensos, por exemplo.
Ainda não foi definida uma faixa etária para a escolha dos participantes, que receberão duas doses do imunizante – a segunda, 21 dias após a primeira. Os resultados poderão ser obtidos entre 45 e 60 dias após o início dos ensaios, segundo Callado.