Economia brasileira encolhe no 2º tri e país entra em recessão técnica

Dados do IBGE mostram queda de 9,7% no PIB, pior resultado registrado desde o início da série histórica, em 1996

Foto: Marcos Santos/USP Imagens

A economia brasileira encolheu 9,7% no segundo trimestre deste ano em comparação ao período anterior, deixando o país em recessão técnica, de acordo com os dados do Sistema de Contas Nacionais Trimestrais, divulgados nesta terça-feira (1º) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Recessão técnica é o termo usado para quando o PIB (Produto Interno Bruto) registra resultado negativo em dois trimestres consecutivos, o que não acontecia desde o final de 2016 no Brasil. O PIB foi influenciado pela pandemia de coronavírus, que levou governos a adotarem medidas de isolamento social para evitarem a transmissão do vírus.

Em valores correntes, o PIB do segundo trimestre totalizou R$ 1,653 trilhão. Este também é o pior resultado para a economia brasileira desde o início da série histórica, em 1996.

No primeiro trimestre do ano, o PIB caiu 5,9% em relação a igual período de 2019. Nesta base de comparação, houve desempenho positivo para a Agropecuária (1,6%). Na Indústria (-6,5%) e nos Serviços (-5,9%) o desempenho foi negativo.

Queda por setores 

Segundo o IBGE, a retração da economia resulta das quedas históricas de 12,3% na indústria e de 9,7% nos serviços. Somados, indústria e serviços representam 95% do PIB nacional. Já a agropecuária cresceu 0,4%, puxada, principalmente, pela produção de soja e café.

“Esses resultados referem-se ao auge do isolamento social, quando diversas atividades econômicas foram parcial ou totalmente paralisadas para enfrentamento da pandemia”, afirma a coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis.

Consumo das famílias

O consumo das famílias foi a maior queda no trimestre (-12,5%), grupo que representa 65% do PIB brasileiro. Segundo Palis, o resultado não foi pior devido aos programas de apoio financeiro do governo federal, como o auxílio emergencial.

“O consumo das famílias não caiu mais porque tivemos programas de apoio financeiro do governo. Isso injetou liquidez na economia. Também houve um crescimento do crédito voltado às pessoas físicas, que compensou um pouco os efeitos negativos”, diz Palis.