“Não precisamos de mais leis e sim de homens públicos que observem as leis existentes”, diz Marco Aurélio Mello

Ministro do Supremo Tribunal Federal disse já preparar aposentadoria em razão do limite de idade da aposentadoria compulsória

Ministro do STF, Marco Aurélio Mello. Foto: Nelson Jr./SCO/STF

Próximo de se aposentar devido ao limite de idade da aposentadoria compulsória, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Marco Aurélio Mello disse, nesta quarta-feira, em entrevista ao programa Bom Dia da Rádio Guaíba, que o Brasil não necessita de mais leis no país.

“No Brasil não precisamos de mais leis e sim de homens públicos que observem as leis existentes. Somente assim nós vamos avançar culturalmente e chegar ao Brasil sonhado”, afirma.

Questionado sobre a decisão da Segunda Turma do STF que declarou a parcialidade do ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, em uma ação em que ele atuou como juiz no caso Banestado, Marco Aurélio Mello preferiu não se manifestar e informou estar se preparando para aposentadoria que chamou de “expulsória”.

“Não examinei o processo e, por isso, não posso me pronunciar sobre a matéria. Não tenho o domínio dos fatos e da base da decisão. Estou em um ritmo muito célere no tribunal e no gabinete, porque estão na reta final da expulsória e quero deixar o gabinete saneado. Então, estou com uma carga muito grande e não dá tempo de acompanhar processos que não estão sob minha relatoria”, salientou.

Marco Aurélio Mello sairá do STF em julho de 2021 quando completará 75 anos. O ministro disse que, após deixar a Corte, continuará atuando no âmbito acadêmico.

O ministro também considerou ilegal a abertura do inquérito das “fake news”. A ação foi aberta no Supremo por decisão pessoal do presidente da Corte, ministro Dias Toffoli e ele, por conta própria, escolheu o ministro Alexandre de Moraes como relator. “Para mim o inquérito nasce morto. Porque foi instaurado pela vítima e o presidente ao invés de levá-lo à distribuição ele escolheu aquele que deveria ser o relator”, ressalta.

Ainda durante a entrevista, o ministro do STF comentou sobre a decisão do Conselho Nacional de Justiça que decidiu afastar temporariamente do cargo o desembargador paulista Eduardo Siqueira, que se recusou a usar máscara e humilhou guardas municipais. Em decisão unânime, o Conselho decidiu abrir um processo administrativo disciplinar contra o desembargador.  Siqueira vai ficar afastado do cargo durante o processo, mas continua recebendo salário. Na avaliação de Marco Aurélio Mello, há um erro nessa decisão e a penalização acabou sendo um espécie de “prêmio” ao infrator.

“Talvez nesse ponto nós precisemos avançar um pouco. Porque acaba sendo um afastamento-prêmio. A pessoa fica encostada e recebendo dos cofres públicos como se estivesse trabalhando”, opina.

A entrevista completa com o ministro do STF, Marco Aurélio Mello, está disponível no Facebook da Rádio Guaíba. Clique aqui e confira!