Cientistas da Holanda e da Bélgica confirmaram nesta terça-feira (25) a detecção de um caso cada um, em seus respectivos países, de reinfecção pela Covid-19, no dia seguinte após o primeiro caso desse tipo no mundo ter sido revelado, em Hong Kong.
Na Holanda, a virologista Marion Koopmans, assessora da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do governo de Haia, confirmou que um paciente holandês, um idoso com sistema imunológico “debilitado”, também contraiu o coronavírus pela segunda vez desde o início da pandemia, em março.
“Todas as infecções por SARS-CoV-2 têm uma impressão digital diferente, um código genético. As pessoas podem carregar restos do vírus por um longo tempo após a infecção e ocasionalmente secretar algum RNA (ácido ribonucléico, o material genético deste tipo de vírus)”, disse Koopmans à emissora de TV holandesa “NOS”.
A virologista holandesa recusou-se, como precaução, a detalhar os sintomas do paciente reinfectado pois, avisa, “precisamos ver se isso ocorre com mais frequência”, embora reconhecesse que o fato de pacientes infectados aparecerem uma segunda vez “estava de acordo com as expectativas” dos cientistas, apenas que “ainda não havia evidências para isso”.
“As infecções respiratórias podem ocorrer duas ou mais vezes. Sabemos que uma pessoa não está protegida para o resto da vida se for infectada uma vez e é isso que esperamos com a Covid-19”, detalha Koopmans.
Mulher apresenta sintomas leves na Bélgica
Na Bélgica, o virologista e conselheiro de saúde do governo Marc Van Ranst confirmou que uma cidadã belga, que já havia superado o novo coronavírus, teve uma recaída da doença três meses após a primeira infecção.
Depois de analisar as amostras do vírus, os pesquisadores concluíram que se trata de duas estirpes diferentes do vírus, acrescentou o cientista, em declarações à televisão belga “VTM Nieuws”.
“Esta é uma mulher que sofreu uma segunda recaída três meses após a primeira infecção. Fomos capazes de examinar geneticamente esse vírus em ambos os casos e temos dados suficientes para determinar que se trata de outra estirpe”, afirmou.
A evolução da cidadã belga, da mesma forma, tem sido favorável nos últimos dias, apresentando apenas sintomas leves e não necessitando de hospitalização.
Aos olhos de Van Ranst, a certificação de casos de reinfecção “não é uma boa notícia”, pois sua equipe, com base na evolução do vírus, “esperava que o tempo entre duas infecções fosse maior”.
Para confirmar um caso de reinfecção de um paciente, os cientistas devem ser capazes de demonstrar que os códigos desse RNA no primeiro e no segundo contágio registrado são diferentes um do outro, e esse parece ser o caso dos pacientes em Hong Kong, Holanda e Bélgica.
A pergunta que os cientistas agora estão fazendo é quanto tempo dura em média a imunidade, depois de descobrir que aqueles com sintomas mais graves têm mais anticorpos do que pessoas com problemas leves, embora “o fato de alguém ter acumulado anticorpos, não signifique que fique imune”, alerta a virologista holandesa.