Os Correios estimaram hoje em R$ 1 bilhão por ano a despesa com os benefícios pedidos pelo sindicato dos trabalhadores da empresa, que entraram em greve nesta terça-feira. Para a estatal, a concessão é inviável. A paralisação começou nessa madrugada. No Rio Grande do Sul, a adesão é estimada em 70%.
A empresa informou em nota que o montante de R$ 1 bilhão calculado pela companhia é equivalente a dez vezes o lucro dos Correios em 2019, que ficou em torno de R$ 102 milhões.
Segundo a Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas dos Correios, Telégrafos e Similares (Fentect), a paralisação por tempo indeterminado tinha a adesão prevista dos quase 100 mil funcionários espalhados por todos os estados do país. O sindicato sustenta que se trata de um movimento contra a retirada de direitos, a privatização da empresa e a ausência de medidas para proteger os empregados da pandemia do novo coronavírus.
Em nota, a federação se disse surpreendida com a revogação, a partir de 1º de agosto, do atual acordo coletivo, cuja vigência vai até 2021. Segundo a entidade, 70 cláusulas com direitos (de um total de 79) foram retiradas, como 30% do adicional de risco, vale-alimentação, licença-maternidade de 180 dias, auxílio-creche, indenização por morte e auxílio para filhos com necessidades especiais, além de pagamentos como adicional noturno e horas extras.
O secretário de imprensa, Emerson Marinho, fala que o cálculo de R$ 1 bilhão é uma “manobra contábil” dos Correios e que um acordo fechado com o Tribunal Superior do Trabalho previu investimento de R$ 600 milhões em direitos dos trabalhadores, o que corresponde a menos de 5% do faturamento da empresa.
Os Correios garantem em nota que não pretendem suprimir direitos dos empregados e propõem “ajustes dos benefícios concedidos ao que está previsto na CLT e em outras legislações”. “A diminuição de despesas prevista com as medidas de contenção em pauta é da ordem de R$ 600 milhões anuais”, completa a empresa.
Os Correios dizem, ainda, estarem respaldados por orientação da Secretaria de Coordenação e Governança das Empresas Estatais, bem como por diretrizes do Ministério da Economia. “Em parte, isso significa repensar a concessão de benefícios que extrapolem a prática de mercado e a legislação vigente. Assim, a estatal persegue dois grandes objetivos: a sustentabilidade da empresa e a manutenção dos empregos de todos”, finaliza a nota.