Covid-19: Paraná assina acordo preliminar com Rússia sobre vacina

Instituto de Tecnologia deixa claro que cabe à Conep e à Anvisa decisão de continuidade do projeto

Foto: Gustavo Mansur / Palácio Piratini

O governo do Paraná celebrou um memorando de entendimento com a Rússia, nesta quarta-feira, para dar início às tratativas relativas à vacina anunciada pelo país ontem. De acordo com o governo do Paraná, trata-se de um acordo de “aproximação e início de parceria”. A partir dele representantes do governo paranaense passarão a acompanhar o desenvolvimento da vacina em interlocução com o governo russo.

A previsão é que, até segunda-feira, o governo paranaense institua a força-tarefa responsável pelo protocolo que vai balizar o intercâmbio de informações. Nessa terça, o presidente russo Vladimir Putin projetou que a imunização em massa seja possível até o fim do ano. O instituto Gameleya, vinculado do Ministério da Saúde do país, desenvolveu a dose.

A notícia levantou preocupações de pesquisadores e autoridades de saúde internacionais e de governos, uma vez que ainda não foram publicados os resultados dos testes nas fases 1 e 2.

Até o momento o governo do Paraná não recebeu informações sobre esses resultados, o que só deve ser realizado a partir do estabelecimento do protocolo de intercâmbio. Foi o que disse hoje o presidente do Instituto de Tecnologia do Paraná (TecPar), entidade pública que vai conduzir a parceria. Jorge Callado Afonso concedeu, em Curitiba, uma entrevista coletiva.

A previsão é que os testes da fase 3 sejam feitos até outubro na Rússia. Segundo Afonso, de posse dos resultados dos testes o Paraná vai submeter o material à Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep) e à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). De acordo com ele, cabe às duas entidades a decisão de continuidade do projeto.

“Se existem incertezas sobre isso, as análises dirão, os órgãos reguladores confirmarão. Não podemos nos pautar apenas por alguns comentários ou citações. Agora é momento de estarmos em contato com os dados e iniciar essas análises”, comentou.

Acordo de transferência
Se o protocolo de pesquisa for aprovado pela Conep e pela Anvisa, a intenção é promover testes de fase 3 com voluntários no Paraná. Caso os resultados sejam promissores, o intuito é celebrar um acordo com transferência de tecnologia para que a TecPar possa fabricar o medicamento.

De acordo com o instituto, a planta de produção da vacina deve custar R$ 80 milhões. Carlos Afonso disse que o governo do Paraná vai, para isso, buscar apoio com investidores internacionais e com o governo federal.

Mas o diretor-presidente da TecPar não quis cravar uma previsão de quando a vacina pode estar disponível. “Não é só ansiedade nossa. Todas as etapas devem ser vencidas dentro do seu tempo. Antes de falar sobre a validação, aprovação da validação e dos testes, a produção é um segundo passo. Isso não impede que o governo brasileiro faça importações. Ela pode chegar antes, se aprovada e registrada no Brasil”, pontuou.

OMS
Diante do anúncio do presidente da Rússia, a Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmou que não teve acesso aos dados da pesquisa do laboratório russo Instituto Gamaleya para avaliar a eficácia e segurança da vacina. Disse também que a Rússia não precisa do aval da OMS para fazer o registro.

De acordo com a organização, que monitora o desenvolvimento das vacinas, os russos permanecem na fase 1 de testes e são necessárias três para fazer o registro. Segundo a entidade, uma vacina só deve ser usada na população depois de aprovada nas três etapas.