O ex-presidente e atual senador Fernando Collor de Mello (PROS-AL) avalizou, nesta sexta-feira, os últimos movimentos de Jair Bolsonaro a fim de ampliar a base de sustentação do governo no Congresso Nacional. Collor mencionou que, no regime de presidencialismo, é fundamental dialogar com partidos e agentes políticos em prol da nação.

“Bolsonaro vem demonstrando que pretende dialogar com o Congresso e está voltando atrás [da ideia] de que presidente não conversaria com políticos. Ele está se penitenciando pelos gestos e atos que falou, o que acho correto. Se não tratarmos rapidamente de construirmos a maioria parlamentar no Congresso, não se governa. Nas últimas três semanas, Bolsonaro vem mantendo contato político porque, finalmente, entendeu que o presidente é um líder político da nação”, destacou.

Collor frisou, porém, que a classificação do “Centrão”, bloco composto por diferentes partidos, soa de forma pejorativa. As declarações foram dadas durante entrevista ao programa Esfera Pública, da Rádio Guaíba.

O ex-presidente também rechaçou haver qualquer semelhança entre o empresário Paulo César Farias, envolvido no escândalo de corrupção que levou ao impeachment dele, em 1992, e o ex-assessor Fabrício Queiroz, que trabalhou com o hoje senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), apontado como o coordenador de um esquema de “rachadinha” no gabinete do então deputado estadual na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro.

“A relação que querem fazer entre o PC Farias é completamente diferente deste senhor, que foi detido por alguns problemas extremamente escabrosos na Assembleia do Rio”, refutou Collor. O senador lembrou que PC Farias era tesoureiro da campanha dele, sem nunca ter ocupado cargo público, atuando apenas como empresário.

Reiteradamente, o ex-presidente vem manifestando pedidos de desculpa aos brasileiros, que foram lesados pelo confisco da poupança após 30 anos. “Eu venho pedindo perdão e desculpas a todos aqueles que sofrem em função do bloqueio que foi feito naquela oportunidade”, disse.

O senador contextualizou, porém que a alternativa adotada havia sido destacada, na ocasião, por vários políticos, inclusive da oposição, que não viam outras alternativas para brecar uma inflação descontrolada, de mais de 80% ao mês.